São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Brasil terá adido policial em embaixada

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal (PF) e o Itamaraty preparam-se para espalhar adidos policiais nas embaixadas do Brasil no exterior a partir do segundo semestre deste ano.
Policiais federais vão começar nas próximas semanas a receber o verniz diplomático que a função exige, mantendo a agilidade de seu trabalho atual.
Esses adidos não vão fazer investigações no exterior. Sua principal tarefa será azeitar as relações com a polícia dos países onde estarão instalados.
Hoje, demora até seis meses a comunicação entre autoridades policiais de países diferentes pelos mecanismos diplomáticos tradicionais. É necessária a troca de cartas rogatórias entre juízes com a intermediação de embaixadores.
Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia deverão ser os primeiros países a receber adidos policiais brasileiros porque são países produtores de cocaína ou envolvidos no narcotráfico.
Depois que esse projeto piloto for implantado, os adidos deverão ser progressivamente enviados também a outros países.
A agilidade conquistada com a presença dos adidos nas representações diplomáticas é uma exigência imposta pela internacionalização do crime organizado.
Vários países, como os Estados Unidos, por exemplo, já mantêm adidos policiais no Brasil para cuidar de seus assuntos de interesse.
Um exemplo foi uma apreensão de cocaína realizada em Santos. Sem a existência dos adidos, não teria sido possível à PF, em outubro do ano passado, apreender 240 kg da droga escondida em um contêiner no porto de Santos.
O entorpecente estava em peças de bombas de água. Segundo a Folha apurou, a informação chegou à PF da embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Caso Bandeira
A extradição do piloto Jorge Bandeira, há dois anos, correu o risco de não acontecer por falta de agilidade.
Se dependesse dos mecanismos formais, Bandeira, que tinha prisão determinada pela Justiça no Brasil, não poderia ser preso na Argentina.
A operação só pôde ter sucesso porque as autoridades argentinas passaram por cima das regras estabelecidas.
O adido policial, além de conhecer a estrutura do país onde está instalado e procurar as pessoas certas para resolver determinada questão, pode agilizar a troca de informações sem que isso se caracterize como uma violação dos tratados diplomáticos em vigor.

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