São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Motorista deve exigir peças de reposição

DA REPORTAGEM LOCAL

A demora na entrega de peças de reposição de veículos faz com que muitos consumidores enfrentem uma longa espera até poder utilizar seus carros.
A bancária Maria Cecilia Costa Pastori, por exemplo, afirma que não pôde usar seu Pallio (Fiat) por 60 dias quando outro carro se chocou em sua traseira. "No começo, a demora ficou por conta da liberação do seguro. Depois, a concessionária informou que não havia a peça para trocar o assoalho."
A assessoria disse que, normalmente, as concessionárias não mantêm peças com pouca demanda no estoque. Quando a solicitação tem caráter de emergência, a entrega é feita em dois ou três dias.
Proteção
Existem cláusulas no Código de Defesa do Consumidor que protegem os clientes contra a falta de peças para reposição.
As empresas devem manter as peças em estoque e atender prontamente aos pedidos. Mas dados do Procon indicam que muitas não cumprem a exigência.
"Recebemos inúmeras reclamações. As mais frequentes são contra importadoras de automóveis que fazem o consumidor esperar meses pela peça", afirma Rosana Nelsen, supervisora de produtos do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
Quando o veículo estiver na garantia, o cliente não precisa esperar pela peça. Ele tem três opções: pode rescindir o contrato e exigir a devolução do dinheiro; pedir a substituição do produto por outro da mesma espécie ou ainda solicitar um abatimento no preço.
Mas, se a garantia tiver se expirado, o consumidor pode procurar o Procon ou entrar com um processo na Justiça comum.
"Recall"
Quando o fabricante convoca um "recall" (troca gratuita de peça com defeito), as próprias fábricas e concessionárias devem se programar para atender a todos os veículos envolvidos.
O químico Alexandre Teixeira disse que tentou levar seu Gol CLI a duas concessionárias para trocar a mangueira de alimentação de combustível -um "recall" da Volkswagen-, mas ambas não tinham a peça no estoque.
"Cheguei a marcar hora em uma das concessionárias, e quando cheguei, disseram que a peça havia acabado."
A assessoria de imprensa da Volkswagen afirma que não houve problemas no fornecimento. Eles dizem que, como a demanda é muito grande, pode ocorrer de a concessionária ficar momentaneamente sem peças.
A Davox, uma das concessionárias procuradas por Teixeira, informou que, na semana em que o cliente esteve lá, havia problemas de fornecimento da fábrica. "O consumidor pode trazer o carro no horário de sua conveniência. Já temos a peça e trocaremos para ele", diz Eduardo Kohn, gerente da loja.
Lacuna no código
Para produtos que já saíram de linha, o código estipula que a oferta de peças deve ser mantida por um período "razoável" de tempo.
"Nesses casos, como não há prazo estipulado, tentamos um acordo entre as partes. Se não resolver, o caso vai para o Juizado de Pequenas Causas", diz Rosana Nelsen, do Procon.

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