São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Ex-ministra vira 'estrela' do grupo Excel

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o último dia 10, a economista Dorothea Werneck, que ficou famosa pelas suas ebulientes participações nos últimos quatro governos, é a mais nova "estrela" do grupo Excel, presidido pelo banqueiro Ezequiel Nasser, que, desde a compra do Econômico, no ano passado, tem se notabilizado por uma agressiva campanha de marketing.
Dorothea é agora vice-presidente do banco de investimentos, um tipo de instituição financeira que trabalha principalmente com financiamentos para as empresas.
Ela mesmo reconhece que foi escolhida em parte pelas suas notórias qualidades de relações-públicas e de negociadora. Mas acredita que seu trabalho no Excel é coerente com o que fez durante toda sua vida profissional, ligada até agora mais ao setor industrial, como disse em entrevista à Folha.
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Folha - Como foi o convite para a sra. vir para o Banco Excel?
Dorothea Werneck - O convite foi exatamente para montar o banco. Foi tudo muito rápido depois do primeiro contato, que foi no dia 22 de janeiro. Na terceira reunião, já me perguntavam: "Que dia você começa?" Nossa expectativa é de que até meados de abril vamos ter nossa equipe montada, uma equipe mínima, de 10 pessoas, para o banco de investimento todo.
Folha - Quais são os seus principais objetivos para o banco?
Dorothea - Certamente, temos que ter o nosso diferencial. O primeiro grande diferencial, já dado, que é do banco e não meu, é que vamos ter uma visão muito mais forte do lado real da economia do que outros bancos costumam ter, logicamente somada à visão estritamente financeira.
Um segundo ponto é levar a sério a questão do investimento de médio e longo prazo, que nem sempre é vista no Brasil.
Normalmente, quando você conversa com empresários sobre o relacionamento deles com bancos de investimento, a primeira crítica ou restrição é a visão de curto prazo ou de ganhar dinheiro rápido.
Nosso lema, já implementado, é que não queremos ganhar dinheiro das empresas, queremos ganhar com as empresas. Queremos estabelecer parcerias de longo prazo porque muitas vezes, quando se faz um investimento numa empresa, o resultado só aparece em três ou quatro anos.
Folha - Muitos bancos já anunciaram que dariam prioridades para operações de médio e longo prazo e para pequenas e médias empresas, mas os resultados concretos em geral são poucos. Por que a sra. acredita que vai ser diferente no caso do Excel?
Dorothea - Nós estamos procurando inovar, agir em uma série de frentes. Primeiro, obviamente, já começamos a estabelecer contato com algumas médias empresas.
Segundo, estamos levantando junto a grandes empresas a possibilidade de trabalhar com seus fornecedores e clientes de médio porte. Ou seja, a grande empresa seria a ponte para fazermos negócios com suas redes de fornecedores, de distribuidores. Numa terceira frente, estamos planejando trabalhar com empresas do mesmo setor por intermédio da associação de classe. Então, poderemos ter até uma linha de crédito ou outra operação para atender a um grupo de empresas de um setor via associação de classe.

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