São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Morre atriz Célia Helena, 61

DA REPORTAGEM LOCAL

A atriz Célia Helena, 61, morreu anteontem às 6h20 no hospital Albert Einstein, no Morumbi (zona sul de São Paulo). Ela estava em coma, depois de sofrer uma intervenção cirúrgica.
Estava internada desde o último dia 6, vítima de um câncer considerado raro, que ataca a parede dos vasos sanguíneos. A atriz foi enterrada no sábado mesmo, às 17h, no cemitério da Paz.
Célia Helena nasceu em 1936, na cidade de São Paulo. Ainda adolescente, ela venceu a resistência da família e matriculou-se em um curso de cinema.
Iniciou sua carreira em 53, atuando nos filmes "Fatalidade" e "Chamas no Cafezal" -os dois produzidos pela Multifilmes- e também no clássico "Floradas na Serra", de Luciano Salce, produzido nos estúdios da antiga Companhia Vera Cruz.
Estreou no teatro no ano seguinte, ao lado de Cacilda Becker e Paulo Autran, na comédia "Inimigos Íntimos", no Rio.
Em São Paulo, trabalhou no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e esteve presente nas principais montagens do grupo Oficina nos anos 60, como "A Vida Impressa em Dólar", "Andorra" e "Pequenos Burgueses".
No TBC, conheceu Raul Cortez, com quem teve uma filha, Lígia, nascida em 1960.
Em 72, Célia Helena formou uma companhia mambembe e percorreu inúmeras cidades com pequenas montagens e apresentações teatrais.
Em 77, alugou uma antiga fábrica e ergueu um teatro no bairro da Liberdade, em São Paulo. Desde então, funciona no local o Teatro-Escola Célia Helena, um centro de estudos e orientação teatral para jovens atores, o que a atriz dizia ser sua paixão.
Trabalhou com José Celso Martinez Corrêa, Augusto Boal, Victor Garcia e Ziembinski, entre outros diretores de teatro.
Ao longo da carreira, recebeu vários prêmios -como o de melhor atriz coadjuvante em 69, da Associação Paulista de Críticos Teatrais, por "O Balcão", de Jean Genet, ou o prêmio Molière de melhor atriz de 76, pela atuação em "Pano de Boca", de Fauzi Arap. Realizou apresentações na Europa e nos EUA.
Na televisão, participou de adaptações de peças teatrais e de telenovelas, como "Vila dos Arcos", na TV Tupy, e "Mandala" e "Brilhante", na Globo.
A atriz dedicou-se também ao trabalho de direção no teatro. Em 94, encenou "Poemas em Sarau", um espetáculo baseado no "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília Meirelles.
Célia Helena era espírita kardecista (adepta de Allan Kardec). Deixa duas filhas -além de Lígia, Elisa, filha do arquiteto Ruy Ohtake, nascida em 79.
Algumas de suas principais atuações no teatro, além das peças do grupo Oficina, foram: "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, "Mary Stuart", de Schiller, "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas, "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues, "Arena Conta Tiradentes", de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, "O Balcão", de Jean Genet, e "Autos Sacramentais", de Calderón de La Barca.

LEIA MAIS sobre a atriz Célia Helena à pág. 4-5

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