São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itália provocou naufrágio, diz Albânia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo albanês afirma que pelo menos 83 pessoas morreram no naufrágio de um barco superlotado de refugiados da guerra civil no país. O barco afundou na noite de sexta-feira, no mar Adriático.
Até agora, foram resgatados 34 pessoas e quatro corpos.
O embaixador da Albânia na Itália, Pandeli Pasko, disse ontem que uma fragata italiana abalroou intencionalmente o barco albanês e pediu uma investigação internacional do caso.
Ehrman Rapushi, 19, que perdeu a mãe no naufrágio, disse que havia de 120 a 130 pessoas a bordo -30 delas eram crianças.
Segundo Pasko, os sobreviventes lhe disseram que a fragata bateu duas vezes no barco albanês, primeiro na popa e depois na lateral.
A Itália negou as acusações e disse que o choque foi provocado por manobras erradas do barco albanês. Mas o comandante da fragata está sendo investigado.
O Comitê de Salvação Pública de Vlorë, cidade tomada por rebeldes no sul da Albânia, acusou a Itália pelo ocorrido.
"Acusamos o governo italiano de ter afundado intencionalmente o barco albanês e afirmamos que esse governo é um assassino irresponsável", dizia um manifesto lido a cerca de 7.000 manifestantes em Vlorë.
O comitê quer que a Itália pague indenizações às famílias dos mortos e que "faça tudo o que for possível para recuperar os corpos".
Diplomatas da União Européia em Tirana, capital da Albânia, disseram que a raiva suscitada pelo naufrágio em Vlorë vai dificultar a tarefa da missão das Nações Unidas que vai distribuir ajuda humanitária no país.
O Parlamento albanês aceitou ontem a intervenção da força multinacional liderada pela Itália por 97 votos a 1. A maioria dos parlamentares apóia o Partido Democrático (direita) do presidente Sali Berisha.
A Itália, que quer evitar a onda de imigração ilegal albaneses, espera que a força multinacional de cerca de 2.500 soldados entre em ação o mais rapidamente possível -os primeiros soldados poderiam desembarcar na Albânia já nesta semana.
As tropas tomaria conta do aeroporto de Tirana e dos portos de Durrës e Vlorë, dominados pelos rebeldes que querem a renúncia de Berisha, acusado de dar guarida a um escândalo financeiro que pulverizou poupanças populares no país e provocou o início da guerra civil, em janeiro.
Além dos italianos, franceses, gregos, espanhóis, portugueses e romenos devem fazer parte da missão, aprovada pela ONU na noite de sexta.

Texto Anterior: Homem mata oito em escolas do Iêmen
Próximo Texto: Países árabes planejam boicotar Israel
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.