São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997 |
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Rio Danúbio separa Buda e Peste
NELSON ASCHER
Buda, na margem ocidental, é a antiga capital do reino medieval da Hungria. Peste, na oriental, não passava, no começo do século passado, de um vilarejo. Foi em 1849 que se concluiu a construção da grande ponte pênsil que uniu fisicamente as cidades (a unificação oficial é de 1873), um feito da engenharia, pois o Danúbio chega lá a quase meio quilômetro de largura. Cada metade, porém, conserva ainda algumas de suas características próprias. Buda, com sua topografia acidentada, cheia de colinas, tem ruas serpenteantes. Peste, basicamente plana, é uma cidade planejada com regularidade. Ficam sobretudo em Buda os palacetes da antiga aristocracia e, em Peste, os edifícios sóbrios de uma sólida burguesia que, até o Holocausto, era largamente judaica. O lado Buda do rio é dominado pelo castelo real; o lado Peste, pelo Parlamento. Para um brasileiro, a parte ribeirinha de Buda lembra estranhamente o Rio de Janeiro. Não seria difícil encontrar paralelos de Peste com São Paulo. Várias outras pontes foram construídas depois, mas é a primeira -batizada em homenagem a Széchényi, o aristocrata inspirador da modernização do país- que sempre catalisou as imaginações. Uma anedota típica diz respeito ao túnel que, em Buda, dá continuidade à ponte. Consta que, para evitar que se enferruje, ela é toda as noites retirada e guardada no túnel em questão. A lenda mais clássica reza que os quatro leões de pedra (dois em cada extremo) que guardam a ponte teriam, por engano, sido feitos sem língua e, por isso, o responsável jogara-se da ponte. Embora não sejam visíveis de baixo, as línguas estão lá e o escultor, que morreu de velhice, retrucava a seus detratores desejando-lhes que as esposas deles tivessem línguas tão grandes quanto as de seus leões. Texto Anterior: Budapeste recupera o tempo perdido Próximo Texto: Sinagoga é a maior da Europa Índice |
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