São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PMs são experientes e têm antecedentes

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco dos dez PMs presos por causa dos crimes praticados na favela Naval, em Diadema, já haviam sido acusados de outros crimes. Ao todo são oito homicídios, uma tentativa de assassinato, oito agressões, dois acidentes de trânsito e um ato libidinoso.
Experientes, todos trabalham na Polícia Militar há mais de seis anos. O soldado Maurício Gomes Louzada, o mais velho entre os acusados, tornou-se policial em 1976. O mais novo, o cabo Ricardo Gomes Buzeto, é PM desde 1989.
"Ninguém aprende banditismo na academia da PM. Ele faz 'esse curso' na rua, no contato com maus policiais que ensinam a ilegalidade aos recrutas", disse o promotor Fernando Barone Nucci, do Tribunal de Justiça Militar.
Uma pesquisa no arquivo do TJM (Tribunal de Justiça Militar) revelou que, dos PMs envolvidos na violência em Diadema, o 3º sargento Reginaldo José dos Santos é quem respondeu ao maior número de inquéritos antes de ser preso.
Ele já havia sido acusado de cinco homicídios, uma tentativa de homicídio e uma agressão. Todos os casos foram arquivados. A acusação mais antiga foi feita em 1984, tentativa de assassinato, e a mais recente, em 1994 (agressão). Ele aparece no vídeo furando o pneu de um Fusca, cujo motorista não teria dinheiro para dar aos PMs.
"Rambo"
Conhecido como "Rambo", o soldado Otávio Lourenço Gambra, apontado como o autor do disparo que matou o conferente Mário José Josino, já havia sido investigado outras seis vezes.
Gambra respondeu a um inquérito por matar em um suposto tiroteio e a outro por um acidente de trânsito. A acusação nos outros quatro casos era de agressão.
Todos os inquéritos estão arquivados. As investigações desses casos só podem ser retomadas se alguma nova prova surgir. Gambra trabalha há 12 anos na PM.
Os policiais que foram acusados em menos casos são o cabo Ricardo Luiz Buzeto e o soldado Rogério Neri Bonfin. Ambos foram investigados duas vezes.
O primeiro por agressão e acidente de trânsito. O segundo por agressão e abandono de posto.
Sem antecedentes
A pesquisa nos arquivos do TJM não revelou nenhuma investigação anterior contra os soldados Nelson Soares da Silva Junior, Paulo Rogério Garcia Barreto, Demontier Carolino Figueiredo e Adriano Lima de Oliveira.
Segundo o promotor José Carlos Guillem Blat, o soldado Silva Junior foi quem fez um tiro para o alto quando o carro em que estava o conferente assassinado saía do local em que os PMs faziam a blitz.
Não havia informações sobre o cabo João Batista Queiroz. "Eles agiram como bandidos fardados. Nas imagens, vemos os policiais retirando insígnias e identificações antes de começarem a extorquir, espancar e matar", disse o promotor Blat.

Texto Anterior: Sambista agredido deixa o Estado de SP
Próximo Texto: Caso pode reduzir poder da Justiça Militar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.