São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Soro é vendido sem controle de qualidade

EUNICE GOMES
DA FOLHA CAMPINAS

O presidente do CRF (Conselho Regional de Farmácia), Dirceu Brás Barbano, afirmou ontem que o soro NPP (Nutrição Parenteral Prolongada) fabricado em Campinas e região é distribuído e utilizado em pacientes em estado grave sem controle de qualidade.
Há suspeita de que a contaminação do NPP pela bactéria Enterobacter cloacae seja responsável pela morte de 26 pessoas no Estado de São Paulo.
Segundo Barbano, 31, não existe tempo hábil para que os testes de qualidade sejam realizados. Ele afirmou que nenhuma farmácia ou laboratório que processa o NPP na região de Campinas realiza esses testes antes de o medicamento ser usado nos pacientes.
O composto alimentar deve ser usado, segundo o farmacêutico, em, no máximo, 36 horas. "Nesse período é impossível realizar o teste, que leva em média 14 dias."
Os testes de qualidade são realizados nos produtos industrializados (de 12 a 14) que são usados no NPP, que variam de 12 a 14.
A farmácia de manipulação Tecnopharma informou que os testes de qualidade são feitos após o uso do NPP, no Instituto Fleury, em São Paulo.
Os farmacêuticos responsáveis, Flávio Pícollo Salmin e Robson Douglas Domingues, foram procurados quatro vezes pela Folha, mas não foram encontrados. Uma funcionária, que se identificou como Tânia, disse que eles estavam acompanhando os testes no Instituto Adolfo Lutz.
Segundo o presidente do CRF em Campinas, os testes de qualidade demoram devido à necessidade de esperar pelo menos sete dias para que as bactérias, caso existam, se proliferem.
Para minimizar os riscos de contaminação do NPP, de acordo com Barbana, são tomadas várias e rigorosas medidas de segurança -sala com filtro bactereológico, paredes e pisos laváveis, sem cantos, luz intra-violeta e um capela de fluxo laminar (compartimento onde entram mãos esterilizadas).
Segundo ele, nesta capela circula ar de cima para baixo, sempre contra o corpo do farmacêutico.
Barbana afirmou que a Tecnopharma possui todos esses equipamentos e que em nove anos de funcionamento não apresentou nenhuma irregularidade.

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