São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Governo manterá MP dos importados

Equipe econômica reúne-se com argentinos

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) e o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, mostraram-se contrários à alteração da medida que restringe o financiamento às importações para abrir exceção aos produtos da Argentina.
Ambos deram declarações antes de entrarem na sala do Itamaraty onde se desenrolaram as negociações entre 13 representantes dos governos do Brasil e da Argentina, a partir das 13h30. Até o fechamento desta edição, as discussões ainda não haviam terminado.
"Não estamos falando com a Argentina sobre isso", declarou Malan na manhã de ontem. "Não vejo essa possibilidade de abrir exceção à Argentina e a outros países do Mercosul", afirmou Franco, logo ao entrar no Itamaraty.
Marcada previamente, a reunião acabou atribulada pela ausência do ministro da Economia da Argentina, Roque Fernandez. Na véspera, ele falou durante 40 minutos com Malan por telefone e decidiu não comparecer à reunião.
Essas medidas definem que as compras externas com crédito de até 360 dias terão que ser pagas 180 dias antes e à vista. De fato, o que provocam é o encarecimento e a restrição às importações -como questiona o governo argentino.
Os negociadores argentinos apresentaram pelo menos duas propostas durante as negociações. A primeira seria a de o BC argentino financiar as importações brasileiras de produtos argentinos, desde que houvesse o aval do BC do Brasil.
A outra proposta é a de abertura de exceção a todos os produtos argentinos importados ou pelo menos aos alimentos -os mais visados pela medida.
Cálculos da embaixada da Argentina no Brasil apontam que 65% das exportações do país direcionadas ao Brasil estarão prejudicadas pela MP, que começou a vigorar ontem.
Segundo o ministro Renato Marques, diretor do Departamento de Integração do Itamaraty, as medidas de restrição ao crédito às importações não ferem nenhuma regra do Mercosul. "Não há norma do Mercosul que esteja sendo rompida, até porque o bloco não definiu regras harmonizadas para as áreas financeira e cambial."
Ele disse que uma eventual exceção aos produtos argentinos teria que ser comunicada à OMC, o que poderia gerar pedidos semelhantes de outros países.

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