São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Precursora do Vetor é suspeita de fraude

MÁRIO MOREIRA
DA SUCURSAL DO RIO

A extinta Corretora Vetor, precursora do atual Banco Vetor, é suspeita de ter atuado, em 1989, num esquema de fraude cambial que resultou na evasão ilegal de US$ 5,6 milhões para o exterior.
Segundo a Procuradoria da República no Rio de Janeiro, a Vetor, mediante a falsificação de guias de importação, encaminhou ao Banco Bamerindus contratos de câmbio relativos a importações inexistentes de julho a outubro de 1989.
As falsas guias foram emitidas em nome da empresa Brasvit Comércio, Importação e Exportação Ltda., simulando importações de cloreto de lítio e outras substâncias químicas.
O Bamerindus converteu os cruzados novos (moeda de então) em dólares e enviou a quantia para empresas-fantasma nos EUA, em pagamento por mercadorias que nunca chegaram ao Brasil.
Objetivo
Com esse esquema, foi possível aos fraudadores adquirirem dólares ao câmbio oficial, que, na época, devido à inflação, valia metade do câmbio paralelo.
Essa manobra permitia um lucro indevido de 100% sobre o valor das supostas importações dos produtos químicos.
Em depoimento à polícia, o dono da Brasvit, Francisco Antônio Cerqueira Filho, provou que as guias de importação usadas na fraude tinham os mesmos número de guias verdadeiras usadas em outras transações.
Ou seja, houve uso indevido de guias verdadeiras para confecção das falsas.
Segundo a Procuradoria, a fraude começava com a corretora Representex, que, atuando sem autorização do Banco Central, redigia os contratos de câmbio.
Cabia à Corretora Vetor encaminhar oficialmente as guias de importação ao Bamerindus para a elaboração dos contratos de câmbio da operação.
Denúncia
A Procuradoria da República no Rio denunciou, em setembro de 1994, sete supostos integrantes do esquema, entre os quais Frederico Barreto de Moraes Rego, que comandava a área de câmbio da Vetor à época das fraudes.
Foram denunciados ainda o dono e o gerente da Representex, respectivamente João Alves de Carvalho e Antônio Carlos de Almeida, três funcionários da área de câmbio do Bamerindus (Sebastião dos Santos, Elma Maria do Couto e José Roberto Ribeiro Malaquias), além de Mariano Monteiro, que pagou as operações. Todos ainda serão ouvidos pela Justiça.
Os donos do Banco Vetor, Fábio Nahoum e Ronaldo Ganon, não foram denunciados porque a Polícia Federal não encontrou indícios de envolvimento dos dois no suposto esquema.
Há suspeitas, porém, do envolvimento da Corretora Vetor em fraudes semelhantes.
Outro lado
O advogado dos donos do Banco Vetor, Felipe Amodeo, informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que nem ele nem seus clientes Fábio Nahoum e Ronaldo Ganon dariam declarações sobre o processo sobre fraude cambial envolvendo Frederico Barreto de Moraes Rego.
A Folha procurou o ex-funcionário da Corretora Vetor Rego ontem, mas não o encontrou. Seu depoimento à Justiça está marcado para o dia 19 de agosto.

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