São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Diretor do BC pode ter contas abertas

Relator encaminha pedido hoje à CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relator da CPI dos Precatórios, senador Roberto Requião (PMDB-PR), vai solicitar hoje a quebra do sigilo bancário do chefe do Departamento da Dívida Pública do Banco Central, Jairo da Cruz Ferreira.
Responsável pelos pareceres sobre os pedidos de Estados e municípios para emitir títulos públicos, Ferreira foi um dos primeiros a depor na CPI.
Ele disse nunca ter se relacionado com o Banco Vetor, instituição que comandou o lançamento dos papéis de Santa Catarina e Pernambuco e que está sob investigação da CPI.
Posteriormente, admitiu conhecer Ronaldo Ganon, um dos donos do Vetor.
A comissão também descobriu que o banco ligou para Ferreira no BC.
A ligação ocorreu no dia 14 de outubro do ano passado, às vésperas de o Senado aprovar a emissão de R$ 605 milhões em títulos de Santa Catarina.
Na parte secreta do seu depoimento à CPI, Ferreira disse que o BC sofreu pressões políticas do Senado para acatar um pedido de emissão de 600 milhões de títulos feito pela Prefeitura de São Paulo para o pagamento de precatórios.
Em outubro de 1994, ele emitiu seu parecer sobre o pedido da prefeitura concordando com a emissão de apenas 24,48 milhões de títulos.
Mas após o senador Gilberto Miranda (PFL-AM) enviar um ofício ao BC, Ferreira alterou seu parecer e concordou com a emissão de 506,74 milhões de títulos.
O Senado acabou autorizando a emissão, nos termos do segundo parecer, em dezembro de 1994 -ampliando a emissão para 600 milhões de títulos.
"A quebra do sigilo será aprovada, sem nenhuma dúvida", disse Requião, que fez o pedido, e foi derrotado, no início da CPI. "Foi minha única derrota na CPI", afirmou.

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