São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Mãe diz que Buzeto corre risco duplo

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Alzira Buzeto, 50, mãe do cabo Ricardo Luiz Buzeto, 28, disse ontem à Agência Folha que seu filho "corre risco" de vida por ter denunciado os policiais militares que participaram das agressões, extorsões e morte na favela Naval, em Diadema (Grande São Paulo).
"Ele corre risco dos dois lados", afirmou, em referência à revolta da população e dos próprios policiais pelo fato de ter sido Buzeto o autor do relatório que denunciou a ação violenta dos colegas ao então comandante do 24º Batalhão da PM de Diadema, tenente-coronel Pedro Pereira Matheus.
Até as 17h40 de ontem, Buzeto continuava foragido. Alzira disse desconhecer o paradeiro do filho, que não vê desde a última segunda-feira.
Ela diz esperar contato do filho com a família hoje.
Por não ter um aparelho de televisão em casa, ela disse não ter assistido a entrevista de Buzeto anteontem à noite no Jornal Nacional, da Rede Globo.
A família mora no Jardim Elba, bairro de baixa renda localizado na zona leste de São Paulo.
O pai do cabo, Olívio Buzeto, 54, disse que o filho nunca havia trabalhado com a equipe de policiais militares acusados dos crimes.
"Ele só trabalhou com aquela equipe naquela noite. Mudaram sua escala de plantão naquele dia", afirmou. Segundo o pai, Buzeto trabalhava em dias alternados.
O cabo Buzeto é considerado "reservado" pela família, por não gostar de falar de sua função na polícia em casa.
"Em casa, ele não é soldado. Meu filho preservava a família dele dos fatos que aconteciam no seu trabalho", afirmou Alzira.
Família
Há oito anos na PM, o cabo é casado com a atendente de saúde Adriana, 28. O casal tem dois filhos: Rafael, 5, e Amanda, 2.
Se Buzeto não se apresentar até a próxima quinta-feira, ele será considerado um desertor. A deserção é um crime militar.
O prazo para um militar ser considerado desertor é de oito dias corridos. Para a PM, ele está foragido desde a última quarta-feira.

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