São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Vice do STF defende unificação de polícias

Função é eminentemente civil, diz ministro

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Celso de Mello, defendeu ontem a unificação das polícias Militar e Civil como alternativa à ação violenta.
Segundo ele, as duas polícias -unificadas- deveriam ficar sob "estrito controle" do Ministério Público estadual e "ampla fiscalização" da sociedade, porque exercem uma atividade "eminentemente civil".
O ministro, que presidirá o STF a partir do fim de maio, disse que a PM mantém hoje a mesma forma de atuação do período dos governos militares.
"É preciso que a PM e os outros organismos policiais estejam preparados profissionalmente para o exercício da atividade que lhes foi outorgada pela Constituição", disse o ministro.
"A chacina de Diadema revela o quão inaceitável é que a polícia se transforme em um instrumento de suplício das pessoas."
Segundo ele, "a polícia não deve incutir pavor e temor na população a que serve, mas deve ter o respeito dessa população".
Mello afirmou que a violência atribuída a policiais militares de Diadema "fere de modo profundo o sentimento de decência das pessoas".
Ele disse ser defensor da unificação das polícias desde o tempo em que era membro da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (de 1970 a 1989).
O futuro presidente do STF também defendeu que a Polícia Federal fique sob o controle do Ministério Público da União.
O controle externo da atividade policial por parte do Ministério Público está previsto na Constituição (artigo 129, inciso 6), mas há resistência das polícias a essa subordinação.
Segundo ele, os responsáveis pela chacina de Diadema precisam ser punidos em processo que respeite todos os direitos de acusados, como ampla defesa.

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