São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Surto de cólera mata 1 em Pernambuco

DA AGÊNCIA FOLHA

A Prefeitura de Correntes (PE) decretou estado de calamidade pública no município por causa de um surto de cólera que atinge a cidade há 18 dias.
Segundo a Secretaria da Saúde, 219 casos da doença foram notificados nesse período. Uma das vítimas, o agricultor Antonio Cesário de Lima, 83, morreu.
"A situação é gravíssima", disse o prefeito Nivaldo Lúcio (PSDB). "Estamos fazendo tudo para conter a epidemia, mas os doentes continuam a aparecer."
A pesca e o banho nos rios Corrente e Mundaú, que cortam a cidade de 21 mil habitantes, foram proibidos porque a água está contaminada com o vibrião colérico.
Policiais militares vigiam as margens dos rios, enquanto soldados do Exército participam de campanhas educativas e distribuem medicamentos à população.
As secretarias municipal e estadual da Saúde monitoram a qualidade da água fornecida à população. O único hospital da cidade, o Mãe Kyola, com 23 leitos, passou a atender só casos suspeitos da doença. Casos graves são transferidos para Garanhuns, a 47 km.
No ano passado foram confirmados 176 casos de cólera em Pernambuco, com quatro mortes. Em Correntes, disse Antunes, já existem 60 casos confirmados.
Epidemia
Os surtos de cólera existentes hoje em várias cidades dos nove Estados da região Nordeste aumentam o risco do ressurgimento da epidemia da doença que provocou dezenas de mortes nos anos de 92, 93, e 94 no país.
Os governos estaduais do Nordeste estão preocupados com a disseminação do vibrião do cólera e já cobram do Ministério da Saúde maior rigor no controle epidemiológico em aeroportos e rodoviárias da região.
O programa de combate à doença no Nordeste será discutido no próximo dia 10 entre os nove secretários estaduais da Saúde do Nordeste e o ministro Carlos César de Albuquerque (Saúde), que se reúnem em Brasília.
"Estamos vivendo um reflexo dos dois anos de falta de financiamento adequado. A região passou por uma epidemia durante três anos, controlou em 95 e 96, mas deixou de fazer as ações necessárias e podemos reviver a epidemia em poucas semanas", afirmou José Wanderley Netto, coordenador regional do Conselho Nacional de Secretários da Saúde. Os Estados mais atingidos são Alagoas e Pernambuco. Somente este ano seis pessoas morreram de cólera em Alagoas.

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