São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Processo contra PM se arrasta há 2 anos

Acusado também critica lentidão da Justiça

RSC
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma denúncia contra um PM de Santo André (Grande São Paulo) está sendo apurada há dois anos, sem que a Justiça Militar tenha chegado a uma decisão.
A demora é criticada tanto pela autora, que já recorreu até ao Ministério da Justiça e à Presidência da República, quanto pelo PM acusado, que diz ser inocente e quer limpar seu nome.
Eliane de Fátima Lemos, 32, conta que, em abril de 95, estava na estação de Santo André quando foi abordada por policiais chefiados pelo terceiro-sargento Mário Sérgio Pereira, 32.
Segundo sua versão, ela teve a mochila revistada e foi acusada por Pereira de ter morado por cinco anos com um travesti conhecido como Valquíria, preso havia pouco tempo por traficar drogas na estação.
Como não encontraram nada, os policiais a liberaram.
No mesmo dia, porém, Pereira teria voltado a abordá-la e, sem motivo, a teria levado ao 1º Distrito Policial de Santo André, de onde foi depois liberada.
No dia seguinte, Eliane foi à Corregedoria da PM dar queixa contra o sargento, dizendo ter sido difamada e pedindo que o PM fosse transferido de Santo André. O inquérito policial-militar foi aberto quatro dias depois.
Eliane sustenta que, depois disso, teria sido ameaçada de morte pelo policial. Desempregada e com problemas nervosos, deu queixa na delegacia, onde foi iniciado inquérito.
O inquérito da Polícia Civil e o da Militar foram encaminhados à Justiça. O processo por ameaça foi arquivado pela Justiça comum; o da Justiça Militar teve audiência em novembro, mas ainda não recebeu sentença.
Devido à demora, ela recorreu ao Ministério da Justiça, que pediu explicações à Secretaria da Segurança, que informou que o caso estava sendo apurado.
Também foi à Procuradoria Geral da República, que recebeu suas queixas como representação. Chegou a escrever para a Presidência da República, que pediu que procurasse a assistência judiciária gratuita de sua cidade. Todas as respostas estão em cópias que Eliane leva aonde vai. "Só quero justiça", afirma.
O PM Pereira, que não vê a hora de o processo acabar, diz que nunca acusou Eliane. "Apenas perguntei se conhecia o travesti preso e revistamos sua bolsa."
Ele diz que toda a abordagem foi dentro das normas da PM e que a suposta ameaça era tão fantasiosa que acabou arquivada. "A moça tem problemas mentais, mas me causa transtorno. Quando minha inocência ficar provada, vou iniciar um processo contra ela.

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