São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Pissardo é condenado a 63 anos de prisão

DA FOLHA VALE

O ex-estudante Gustavo Pissardo, 24, foi condenado ontem, em São José dos Campos, a 63 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado pela morte de cinco pessoas de sua família em setembro de 94.
Ele vai cumprir a pena na ala de segurança máxima da Casa de Custódia de Taubaté -onde já estava detido, no setor de tratamento médico.
A decisão sobre a culpa do ex-estudante foi unânime entre os jurados. Pissardo não teve reação ao ouvir a decisão e foi levado em seguida pela PM para Taubaté.
O promotor Rogério Zagallo, que havia pedido a pena máxima de 150 anos, anunciou que vai recorrer da sentença -considerada por ele como branda.
"Vamos tentar derrubar a tese de crime continuado. Ele matou cinco pessoas, três em São José e duas em Campinas."
O advogado de defesa, José Carlos de Oliveira, comemorou a sentença e abraçou seu cliente logo após o fim do julgamento.
Pissardo deve cumprir, no mínimo, dois terços da pena antes de tentar uma libertação por bom comportamento, o que daria 42 anos. Porém, a lei limita qualquer pena ao máximo de 30 anos.
Também conforme a lei, qualquer condenado a mais de 20 anos tem direito a novo julgamento.
Aplauso
A sentença, dada após cinco horas e dez minutos de julgamento, foi aplaudida por mais de 250 pessoas presentes na sala do júri ao ser lida pelo juiz Joaquim Guilherme Figueira Nascimento.
A decisão foi tomada por um júri de sete pessoas, que considerou Pissardo como uma pessoa normal e consciente no momento do crime -com o agravante de ele ter matado cinco pessoas de sua família sequencialmente.
Um laudo médico da Casa de Custódia apontava que o ex-estudante era semi-imputável -isto é, com consciência apenas parcial quando cometeu os crimes.
Pissardo chorou a maior parte do tempo em seu julgamento, que começou às 13h05.
No interrogatório, o réu apenas confirmou as mortes das cinco pessoas de sua família -o pai Gumercindo, 46, a mãe Adelaide, 49, a irmã Maria Paula, 16, a avó Antonia, 64, e o avô João, 74.
Gustavo Pissardo confessou os crimes à polícia dois dias após o enterro de sua família. Tanto para a polícia como no julgamento, ele não explicou os motivos.

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