São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Cenas de violência; Império da lei; Bobagens; Descoberta científica; Produtividade; Última chance; Caminho da força

Cenas de violência
"Pelos pobres e miseráveis, pela sociedade que não reage e não conhece sua cidadania, pela falta de vergonha dos nossos 'donos da pátria', vamos nos vestir de negro para que o mundo assista a nossa revolta e indignação."
Judith Medeiros Borges (São Paulo, SP)
"Nem se discutem as enormes falhas, o erro brutal e discricionário de policiais militares fardados agredindo civis nas ruas de Diadema. Daí a dizer ou escrever que eles 'têm antecedentes' vai uma grande distância.
Todos os acusados pela imprensa tiveram seus casos 'arquivados', o que pode significar a comprobação de inocência.
Encontrar casos 'arquivados' e apresentá-los como ('maus') antecedentes dos PMs envolvidos é má-fé da imprensa."
Lázaro Chaves (São José do Rio Pardo, SP)
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"Acho que já foi dito quase tudo nos jornais sobre o caso de Diadema. Faltou apenas alguém explicar o que quer dizer a frase 'fato isolado que se repete', dita pelo professor Fernando Henrique Cardoso em entrevista veiculada pela televisão no dia 1º de abril.
Será uma piada de 1º de abril?"
Gustavo Meyer (Rio de Janeiro, RJ)
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"Pela violência policial em São Paulo só há um culpado: o Estado.
O Estado não sabe selecionar o material humano e não sabe reciclá-lo: não consegue apurar suas falhas e puni-las eficientemente; não dá condições materiais para o trabalho, seja em termos salariais, seja em respaldo financeiro para a manutenção das atividades."
Débora Regina Timoni Santos (Campinas, SP)
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"A PM não merece ser execrada pela falta de autoridade e de algumas providências a fim de que elementos tão nefastos sejam prontamente afastados por um comando realmente idôneo."
Sergio Dal Maso (São Paulo, SP)
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"Será que a Polícia Militar se envergonha mesmo de tais atos de alguns de seus membros?"
Beth Müller (São Paulo, SP)
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"Não se pode culpar toda a corporação pelos atos deploráveis cometidos por esses marginais violentos que se escondem atrás de uma farda da Polícia Militar.
Não podemos porém nos esquecer que a culpa pela violência policial é compartilhada por oficiais que conduzem inquéritos policiais militares deliberadamente deficientes, sem a devida apuração dos fatos, e posteriormente pelos 'juízes fardados', que julgam esses mesmos policiais bandidos e fazem de tudo para inocentá-los."
Antonio R. Melo Jr. (Joinville, SC)
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"A Associação dos Magistrados das Justiças Militares Estaduais (Amajme) repudia a atuação daqueles indivíduos travestidos de policiais que, deslustrando a função que exercem, atuam como verdadeiros bandidos.
Manifesta preocupação de que, sob o inevitável condicionamento emocional provocado pelos episódios de Diadema, promovam-se alterações legislativas e/ou constitucionais que, ainda que bem intencionadas, venham lançar infundadas suspeitas sobre órgão do Poder Judiciário -a Justiça Militar- que tem cumprido regiamente suas funções."
Getúlio Correa, presidente da Amajme -Associação dos Magistrados das Justiças Militares Estaduais (Florianópolis, SC)

Império da lei
"Na reportagem intitulada 'Grupos rivais disputam poder no comando da PM' (3/4), este signatário foi apontado como o 'principal articulador' da não-colaboração, de estimular a desobediência e a anomia por parte dos oficiais superiores da corporação contra o comandante-geral da Polícia Militar.
Quero deixar bem claro que respeitamos e consideramos o coronel PM Claudionor Lisboa como profissional de polícia, pessoa humana e principalmente como comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que sempre participamos de sua equipe de trabalho com espírito de colaboração e eficácia.
Não só neste momento difícil. Sempre o fizemos. Não só pela hierarquia e disciplina, mas também pela ética profissional, cerramos fileiras em torno do nosso comandante, coronel PM Lisboa, do senhor secretário da Segurança Pública, professor José Afonso da Silva, e do nosso excelentíssimo governador do Estado, dr. Mário Covas. A corporação trabalha sob o império da lei."
Edilberto Ferrarini, coronel PM diretor de Apoio Logístico da Polícia Militar do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Bobagens
"A sra. Vera Ponce de Leon, no 'Painel do Leitor' de 2/4, conseguiu em poucas linhas falar muitas bobagens.
A sra. Vera pode ficar sossegada que o sr. Wagner Ramos não é 'militante de carteirinha do PT' e muito menos o dinheiro dos precatórios 'foi parar nos cofres do PT'.
O que eu não consigo entender é por que Maluf e Pitta, se nada devem, não deixam aprovar a CPI proposta pelo PT na Câmara de São Paulo."
Jilmar Tatto, presidente do Diretório Municipal do PT (São Paulo, SP)

Descoberta científica
"Diagnosticada a doença do ministro Sérgio Motta: 'diarréia verbal'."
John Elbertus Scheffer (Curitiba, PR)

Produtividade
"Sobre a nota 'Vergonha federal', publicada no 'Painel' (24/3): do total de 124 consultores -que não se confundem com os assessores, que ocupam cargos de confiança e prestam serviços aos senadores-, 27 estão: em cargos de direção e assessoramento no próprio Senado Federal (20), requisitados (5) e em estudo (2).
Cabe aos consultores não só realizar estudos e notas técnicas sobre questões concernentes à atividade parlamentar, mas elaborar projetos de lei, projetos de resolução, projetos de decreto legislativo, requerimentos de informações, os discursos proferidos em plenário, artigos para publicações em geral e mesmo discursos no horário 'Pinga fogo'.
Ou seja, se os 97 consultores legislativos lotados na consultoria realmente tivessem 'baixa produtividade', não haveria senão baixo número de propostas em tramitação no Senado, bem como nas comissões e no plenário, para deliberação.
É difícil aceitar que jornalistas que jamais estiveram na consultoria legislativa se achem no direito de afirmar que eu e meus colegas, apesar de qualificados, temos 'baixa produtividade'."
Berenice de Sousa Otero (Brasília, DF)

Última chance
"Essa CPI dos títulos públicos vai ser a última oportunidade de o país fazer uma devassa, uma faxina na bandalheira."
Vladimir da Cunha Pereira (Jundiaí, SP)

Caminho da força
"Queria congratular-me com o editorial da Folha 'A vez dos sem-teto' (29/3).
Alegro-me com a visão de seus editorialistas em unir as pontas de uma mesma rede que são o MST e esse neo-CMP (parece até nome de imposto!), que diz representar os sem-teto.
Sem dúvida, o caminho da força e da intimidação vai mar alto no campo e na cidade em nosso país e, a continuar assim, prevejo o dia em que direi ao locador do apartamento onde resido: 'A partir de hoje não pagarei mais aluguel, pois sou um sem-teto!"'
Antonio Metidieri Neto (São Paulo, SP)

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