São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Senadores na coxia

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

São parlamentares, alguns ex-governadores, todos com experiência em campanhas, mas principiam no showbizz da TV Senado.
Bernardo Cabral, o presidente da CPI, estava tenso, esfalfado, antes de entrar em cena. Bradava para o relator Roberto Requião:
- Senta aqui, senta aqui... Vai, senta aqui, que vai entrar no ar. Senta aqui que vai entrar no ar.
Claro que já estava no ar -como estivera no dia que Ricupero gostaria de esquecer, da instituição da lei "o que é ruim a gente esconde".
E vem a conversa. Seguiam com o microfone aberto.
Falam de um artigo do relator no "Jornal do Brasil". Requião reclama de um corte, mas diz, vaidoso, que "está bom". Cabral comenta:
- Eu não vi, rapaz. Manda buscar para eu ler.
Comentam, conversam, e o relator ofende com um palavrão o jornalista a quem respondeu no artigo, Alberto Dines. No ar.
A mesa corta o som.
Alguns segundos e Cabral volta, solene, mas ainda perturbado:
- Havendo número regimental, declaro aberta a 14ª... a 16ª reunião desta Comissão Parlamentar de Inquérito.
E seguiu-se o dia inteiro de espetáculo, sob a luz forte das câmeras de televisão.
*
Nem 10, nem 21, nem 27 -ontem apareceram outros seis, do Gate. É a corporação toda da Polícia Militar, em São Paulo e demais Estados, soldados a coronéis, que é julgada na televisão.
Um juízo institucional. O presidente do Supremo surge na Globo defendendo limitação da Justiça Militar. O presidente da República é dado como favorável à unificação com a Polícia Civil.
E "a polícia faz ato público contra os abusos na Favela Naval", anuncia um programa popularesco do início da noite. PMs em ato público. Por direitos humanos.

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