São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Antônio e Francisco

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

"Exclusivo" no Jornal da Band, "uma revelação" às pressas no Jornal Nacional, o cinegrafista "amador" de Diadema veio a público, ontem na televisão.
Não diminuiu o mistério.
A Globo, ao que parece, entrou para derrubar a exclusividade da Bandeirantes. Deu o primeiro nome, Francisco, e admitiu que é um "cinegrafista free-lancer" e não amador. Ele já prestou serviços para a Globo. Nada mais.
O Jornal da Band entrevistou longamente "Antônio", nome fictício que deu ao cinegrafista. Ele negou ter sido "contratado por traficantes". Afirmou nem saber se há traficantes na favela.
Confuso, foi pouco convincente, por vezes cômico.
O mistério continua.
*
São parlamentares, com experiência em campanhas, mas ainda principiam no showbizz da TV Senado.
Bernardo Cabral, o presidente da CPI, estava tenso, esfalfado, antes de entrar em cena. Bradava para o relator Roberto Requião:
- Senta aqui. Vai, senta aqui, que vai entrar no ar. Vai entrar no ar.
Claro que já estava no ar -como estivera no dia que Ricupero gostaria de esquecer, da instituição da lei "o que é ruim a gente esconde".
E segue a conversa. Falam de um artigo do relator para o "Jornal do Brasil". Requião reclama de algum corte, mas diz, vaidoso, que "está bom". Cabral comenta:
- Eu não vi, rapaz. Manda buscar para eu ler.
Comentam, e o relator ofende com um palavrão o jornalista a quem respondeu no artigo, Alberto Dines. No ar. A mesa corta o som.
Alguns segundos e Cabral volta, solene:
- Havendo número regimental, declaro aberta a 14ª... a 16ª reunião desta Comissão Parlamentar de Inquérito.
E seguiu-se o dia inteiro de espetáculo, sob a luz forte das câmeras da TV Senado.

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