São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Justiça decreta prisão preventiva de PMs

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça decretou ontem a prisão preventiva dos dez policiais militares envolvidos na tortura e morte do conferente Mário José Josino, 30.
Josino foi morto em 7 de março, durante operação policial na favela Naval, em Diadema.
A prisão foi pedida pelo delegado Mitiaki Yamamoto, titular do 2º distrito policial de Diadema, que concluiu ontem o inquérito que apurava a morte de Josino.
"Temos indícios e provas técnicas que mostram o envolvimento desses bandidos de farda com esse crime bárbaro. Por isso, eles devem ficar presos até o julgamento", afirmou o delegado.
O promotor José Carlos Guilhem Blat, do Ministério Público, pretendia apresentar ontem à Justiça a denúncia contra os dez acusados.
Mas como os laudos de balística e de transcrição das imagens de TV chegaram a suas mãos apenas às 16h, ele considerou prudente adiar a denúncia para segunda-feira.
"Não quero arriscar. Por causa do cansaço físico e da pressa, poderia acontecer algum erro na denúncia que favoreceria futuramente a defesa", declarou Blat.
O laudo da fita de vídeo concluiu que o tiro que matou Josino foi disparado pelo soldado Otávio Lourenço Gambra, o Rambo.
Já o laudo de balística não foi conclusivo, pois a bala se deformou muito ao atingir o corpo da vítima e não foi possível descobrir de qual arma ela saiu.
O inquérito encerrado ontem indiciou Gambra como o autor do homicídio. O cabo Ricardo Luís Buzeto e os soldados Maurício Gomes Louzada, Nélson Soares Silva Júnior, Demontier Carolino Figueiredo e Adriano Oliveira foram indiciados como co-autores.
Esses seis policiais e o soldado Rogério Neri Bonfim também foram indiciados por tentativa de homicídio contra Jefferson Caputi e Antonio Carlos Dias, que estavam no mesmo carro de Josino.
A novidade do inquérito é que eles também foram indiciados pela tentativa de homicídio contra o músico Sílvio Lemos, espancado pelos policiais no dia 3 de março.
Todos os dez policiais envolvidos nas blitze foram indiciados por formação de quadrilha armada e abuso de autoridade.
Se a Justiça acatar a denúncia do Ministério Público, o que deve acontecer, os policiais serão julgados pela Justiça Comum.
O Inquérito Policial Militar que apurava a morte de Josino também foi concluído ontem.
Além dos crimes apontados pelo inquérito da Polícia Civil, os policiais são acusados por extorsão e prevaricação.
Eles devem ser expulsos da PM.

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