São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Coronel foi acusado de empregar ladrão

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O tenente-coronel Pedro Pereira Matheus, que comandava os PMs de Diadema (Grande São Paulo) que foram flagrados extorquindo, torturando e dando o tiro que matou Mário José Josino, 30, no mês passado, já foi processado por empregar ex-policiais com antecedentes criminais em uma empresa de segurança e por violar o sigilo de investigações.
Matheus está preso desde quarta-feira por não ter comunicado ao comando da PM a existência da fita de vídeo com as imagens da violência na favela Naval e por ter libertado o cabo Ricardo Luiz Buzeto, também acusado pelo caso.
O oficial jamais foi julgado pelo TJM (Tribunal de Justiça Militar), embora tenha sido réu num processo da 4ª Auditoria do tribunal, pois a acusação prescreveu antes de ser apreciada pelo conselho de sentença do caso.
Se o julgamento não ocorre no prazo previsto na lei -ou seja, se há a prescrição-, o acusado não pode ser mais punido. Matheus havia sido denunciado em 1989. O caso foi encerrado em 1993.
A denúncia do promotor José Amado de Farias Souza acusava o então capitão Matheus de ser o proprietário da Prevenção Serviços de Vigilância e Segurança Ltda.
A empresa ficava na avenida Vítor Mazzini, 364, sala 2, em Santo Amaro (zona sul). Ela tem um nome semelhante à que ele é ligado, atualmente, como "contato": Serviços de Prevenção e Vigilância Ltda., também na zona sul.
Entre os soldados com antecedentes criminais que ele empregaria na antiga empresa estaria um homem que, segundo o Ministério Público, havia sido expulso da PM porque se envolvera num roubo.
Além da antiga empresa, o então capitão também foi acusado de se dedicar à compra e à venda de cavalos. Na época, ele trabalhava no 1º Batalhão da PM, responsável pela zona sul de São Paulo.
Os acusados negavam os crimes. O inquérito que investigou o caso foi feito no Comando de Policiamento da zona sul.
Além de Matheus, também foi processado no caso o hoje capitão Rogério de Oliveira Corte Brilho, absolvido das acusações em 21 de outubro de 1996.
O tenente-coronel Matheus deverá ficar preso até segunda-feira, quando termina o prazo de quatro dias úteis da prisão administrativa. O comando da PM se recusou a informar o local da prisão.
Depoimento
Ao depor na CPI do Crime Organizado da Assembléia Legislativa, o tenente-coronel afirmara que já havia sido processado antes e que havia sido "absolvido".
Ele disse também aos deputados estaduais que ser processado é algo normal para policiais que trabalham no patrulhamento das ruas.

Texto Anterior: PMs detidos na quinta são soltos na sexta
Próximo Texto: Mesa de CPI tem maioria governista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.