São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PM diz querer 'abordagem mais respeitosa'

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O alto comando da Polícia Militar de São Paulo se reuniu ontem à tarde para tentar superar a pior crise vivida pela corporação nos últimos 30 anos. A avaliação é de diversos oficiais graduados da PM.
O episódio do Carandiru, que também abalou bastante a imagem da PM não teve tanto apelo emocional junto à população quanto as cenas de tortura de civis e um assassinato acontecidas na favela Naval, em Diadema.
O encontro de ontem, que reuniu 54 coronéis, começou por volta das 14h, e foi aberto pelo secretário-adjunto da Secretaria da Segurança Pública, LuizAntonio Alves de Souza. A reunião não havia terminado até as 19h30.
No primeiro intervalo, às 18h, o coronel Claudionor Lisboa, comandante-geral da PM no Estado, telefonou para o secretário da segurança, José Afonso da Silva.
Não foi divulgado o teor da conversa, mas sabe-se que Afonso da Silva acompanhou a reunião da cúpula da PM à distância e aguardava um relatório detalhado do que foi discutido.
Apesar de os coronéis tentarem manter uma certa descontração, o clima da reunião, tratada como uma espécie de "lavagem de roupa suja", foi tenso.
O encontro definirá novas ações de comando, com possíveis correções, novas diretrizes básicas, maneiras de agir e procedimentos.
Foi discutida também a ação dos policiais nas ruas. "Pode ser que algumas questões sejam recicladas, entre elas as formas de abordagem, que seriam feitas de maneira mais respeitosa", afirmou Salgado.
Outra questão que preocupa o comando da PM é a imagem dos policiais considerados honestos.
A Folha conversou informalmente com vários PMs de diversas patentes entre anteontem e ontem. Além do clima de revolta e repúdio com o caso de Diadema, eles se mostraram bastante envergonhados. Alguns deles afirmaram que precisaram mudar a sua rotina depois da última segunda-feira, quando o vídeo veio à tona.
Deixaram de ir ao trabalho fardados para não serem chamados de assassinos, como aconteceu com um soldado de Bragança Paulista. Um cabo que mora em Santo André afirmou que, ao passar com a sua mulher em frente a uma escola, foi xingado por estudantes. "Vamos tentar elevar o moral da tropa, passar tranquilidade, porque o quadro será revertido. Até por causa das medidas que serão tomadas", afirmou Salgado.

Texto Anterior: Quem vai participar da CPI da PM de Diadema
Próximo Texto: PMs evitam ocorrências com confrontos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.