São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997 |
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Após exageros, vêm sempre mudanças
MARCELO GODOY
Essa estratégia vem sendo adotada nos últimos cinco anos por sucessivos comandos da PM, desde o já falecido coronel Eduardo Assunção. Ele chefiava a PM quando, em 2 de outubro de 1992, a tropa de choque invadiu o pavilhão 9 da Casa de Detenção e matou 111 presos. Coronéis foram afastados e processados. A perícia afirmou que os presos foram "executados". Um mês depois, a reação: o comando da PM anunciava o programa "Rota Light". O programa previa o afastamento para tratamento psicológico do PM que se envolvia em tiroteio com morte. A tropa entendeu o recado. Em 1993, a Rota matou 36 pessoas -fora a detenção, matara 305 em 1992. No fim de 93, após o programa ser elogiado por entidades de defesa dos direitos humanos, o coronel João Sidney de Almeida acabou com a obrigatoriedade do tratamento psicológico para quem matava. O trauma do massacre da Detenção já havia sido superado pela PM. Os números de pessoas mortas pela PM voltaram a crescer. Em 1993 haviam sido 243. No ano seguinte, 333. O primeiro ano do governo Covas (1995) apontava para um crescimento maior. Então, veio a reação, dessa vez, da Secretaria da Segurança, que criou o Proar, a "Rota Light" de Covas. O programa prevê afastamento por seis meses das ruas para tratamento psicológico do PM que se envolver em tiroteios com morte. Com o Proar, o ano fechou com 331 mortes. Agora, a PM está novamente acuada. São feitas reuniões para determinar mudanças nas normas de operação policial. Quando a onda passar, elas poderão ser novamente esquecidas. Até o próximo massacre. Texto Anterior: PMs evitam ocorrências com confrontos Próximo Texto: Adolescente diz que viu dois assassinatos Índice |
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