São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Mendigos garis largam emprego

DA FT; DA REPORTAGEM LOCAL

Sem-teto trocam vale-refeição por bebida
Três sem-teto que foram contratados pela empresa Cavo no dia 1º de março para trabalhar como garis desistiram de trabalhar. Na Vega-Sopave, pelo menos um desistiu do emprego.
Eles são os primeiros sem-teto contratados pelas empresas de limpeza urbana a desistirem do serviço. Um deles, Athaíde Maurício dos Santos, 52, trabalhou um mês -até o último dia 31- e resolveu sair. "Ele disse que era pintor e não tinha se adaptado ao serviço de gari", disse a coordenadora de Recursos Humanos da Cavo, Brígida Mônica Pertta, 37.
Outros dois -Antônio Carlos Pereira, 38, e Gilmar José da Silva, 25- foram apenas dois dias ao trabalho e, em seguida, abandonaram o emprego. Pereira também saiu do albergue Glicério (região central), onde morava. "Ele sempre chegava aqui alcoolizado", disse o coordenador do albergue, Claudio Palermo.
Outro que acabou voltando ao alcoolismo foi o cearense João Rodrigues de Oliveira, que foi contratado pela Vega-Sopave.
Segundo ex-companheiros do albergue Pedroso, onde ele morava, ele foi dois dias para o serviço e sumiu, trocando os vales-refeição por bebida.
Após o primeiro dia de trabalho, segundo Eliene de Souza Bispo, assistente-social e coordenadora do albergue Pedroso, que é mantido pela igreja metodista, Oliveira chegou depois do horário e bêbado ao albergue.
"Nós lhe demos uma chance, deixamos ele entrar e o encaminhamos para tratamento numa clínica conveniada ao albergue, mas ele faltou à consulta."
No dia seguinte, Oliveira não esteve mais no albergue, foi visto, bêbado, na praça da Sé, onde pediu esmola a um ex-colega.
Para a maioria dos contratados, entretanto, ontem foi dia de receber o primeiro salário. Caso do mineiro Orlando Basílio dos Reis, 34, um dos dois primeiros contratados pela CBPO (veja texto abaixo).

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