São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Moradores fazem ato contra impunidade

Manifestação teve discurso político e pombas

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma manifestação contra a violência e a impunidade organizada pela Prefeitura de Diadema (Grande SP) e por entidades da sociedade civil reuniu no final da tarde de ontem na praça Miosótis, próximo à favela Naval, cerca de mil pessoas. Para os organizadores, eram 3.000.
A expectativa dos promotores do protesto era atrair pelo menos 5.000 pessoas.
Às 18h, o prefeito de Diadema, Gilson Menezes, libertou algumas pombas e os manifestantes soltaram 3.000 balões brancos, distribuídos pelos organizadores da manifestação.
A maioria dos manifestantes era formada por moradores da favela Naval e das proximidades.
Familiares de Mario José Josino, que foi morto em operação dos PMs na favela Naval, estiveram presentes à manifestação.
A mãe de Josino, Efigênia Guilhermina Josino, 59, disse que não quer que os familiares dos policiais sofram como ela está sofrendo. Ela afirmou que, apesar de estar muito chocada com o que aconteceu, não quer que os policiais sejam torturados como seu filho foi.
"Só quero que façam justiça, que eles (os PMs) fiquem presos", disse Josélia Ribeiro Josino, 30, viúva de Mario.
Até hoje, ela e o filho, Cleiton, 9, não quiseram ver as cenas da operação policial pela televisão.
O clima entre os moradores da região que participaram do ato era de revolta e medo.
Uma moradora, que preferiu não se identificar, afirmou que a população está decepcionada com a violência praticada pelos policiais. "A gente estava do lado de um bandido e não sabia. Eles eram as pessoas que devia cuidar da nossa segurança."
A manifestação terminou às 19h30, com uma homenagem a Josino. O prefeito de Diadema entregou flores à viúva e à mãe e pediu aos manifestantes que fosse feito um minuto de silêncio.

Texto Anterior: "Fui vítima da inexperiência"
Próximo Texto: PM faz missa de desagravo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.