São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Ação da Telebrás dispara com tarifaço

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio do realinhamento das tarifas telefônicas fez os papéis da Telebrás dispararem nas Bolsas de São Paulo e Nova York.
No final do dia, Telebrás PN subiu 6% na Bolsa paulista, com R$ 529 milhões de volume negociado.
Com isso, o Ibovespa avançou 4,3% no dia, girando R$ 1,027 bilhão -o terceiro maior volume no ano e o quarto maior desde o início do Plano Real.
Em Nova York, os recibos de Telebrás também subiram, ainda que com menor força: terminaram o dia com valorização de 3%.
A alta se deu porque muitos investidores apostam que o lucro da estatal deverá crescer substancialmente com a redefinição das tarifas anunciada na quinta-feira após o fechamento do mercado.
Na última vez em que a estatal realizou operação semelhante, em dezembro de 95, o efeito sobre seus resultados foi expressivo: os lucros cresceram 25% em 96.
Porém, como é costume do mercado financeiro, não há consenso sobre o que deve ocorrer com o preço de Telebrás PN.
Paulo de Sá Pereira, diretor do Lloyds Bank responsável pela administração de carteiras de renda variável, por exemplo, acredita que os preços "não se sustentam".
Isso porque ele atribui parte da alta de ontem no mercado nacional aos investidores que estão com posições vendidas no mercado de opções, contratos que vencem no próximo dia 22. Grosso modo, esses investidores apostavam na queda dos preços de Telebrás PN.
Apetite
Quando ocorre um fato que tende a inflar os preços, como o de anteontem, esses investidores são obrigados a entrar no mercado à vista para comprar ações, criando assim uma demanda extra.
"Acredito que, passado o vencimento de opções, os preços recuem", diz o diretor do Lloyds.
A expectativa de nova alta dos juros norte-americanos certamente vai servir para jogar água fria no otimismo do mercado nacional.
Com juros maiores no exterior, muitos recursos tendem a migrar das Bolsas para aplicações de renda fixa, cujos rendimentos aumentam, enquanto os lucros das empresas tendem a ficar menores.
Cláudio Lélis, vice-presidente do Banco Pontual, considera que esse movimento de transferência de capitais, das Bolsas nacionais para fora, ainda não está ocorrendo.
"O aumento dos juros foi pequeno até agora. Mas, se ocorrer uma sequência de aumentos, então o país corre o risco de perder recursos. Mesmo porque Bolsas e juros sempre foram inimigos mortais", afirma Lélis.
Mas a alta de Telebrás PN na semana não parece ter levado em conta o cenário externo nebuloso.
Quem comprou ações da empresa na manhã de segunda-feira, por exemplo, revendendo esses mesmos papéis ontem, ganhou 12%.

LEIA MAIS sobre ações da Telebrás na pág. 2-8

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