São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Artistas "conversam"
DA REPORTAGEM LOCAL Djavan e Lokua Kanza se admiram mutuamente. O brasileiro conheceu a música do zairense há seis meses, quando o disco "Wapi Yo" caiu em suas mãos."Fiquei impressionado com sua voz e seu violão. Ele é muito melodioso." Lokua conheceu Djavan há quase 15 anos. "Ainda não acredito que vou tocar com Djavan. É um sonho para mim." Atendendo a um pedido da Folha, Djavan e Lokua Kanza fizeram perguntas um ao outro. * Djavan - Como a música ocidental o influenciou? Lokua Kanza - Estudei no conservatório em Kinshasa, depois entrei em uma escola de jazz na França. Djavan - Existem chances de a música africana tradicional ser mais veiculada? Lokua - Há muitos artistas que estão começando a ficar mais conhecidos. Djavan - Como a MPB surgiu em sua vida? Lokua - Comecei ouvindo Baden Powell quando estudava violão. Depois, conheci Jorge Ben. Miriam Makeba cantava "Mas Que Nada". Mas o primeiro artista brasileiro que conheci direito foi Djavan. Um amigo em Kinshasa possuía uns discos. A música brasileira é uma das minhas prediletas. Nela eu reencontro a África. Ao mesmo tempo, há um lado muito moderno. É uma mistura sutil entre melodia, ritmo e harmonia. * Lokua Kanza - O que o empurrou para música? Djavan - Minha mãe cantava o tempo todo. Ela me levava para ver Luiz Gonzaga, Angela Maria, Nélson Gonçalves. Fui cantar em público pela primeira vez na formatura do primário, aos dez anos. Aos 16 eu comecei a estudar violão. Lokua - Quais são suas principais influências? Djavan - Os cantores do Nordeste, como Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi. Beatles foram uma revelação estonteante na minha vida. Eles ensinaram o mundo a usar acordes perfeitos. A bossa nova não teve em mim uma influência tão grande quanto em meus contemporâneos. Depois, ouvi jazz e música clássica. Gosto da música francesa, italiana e espanhola. Lokua - Além da música, o que você mais ama? Djavan - Mantenho uma relação platônica com dança, pintura e cinema, que é uma arte que me toca muito. Das três é a mais popular e a que contém o maior número de artes. Também gosto de futebol e botânica. Texto Anterior: Djavan quer som negro contemporâneo Próximo Texto: Lokua Kanza não é só percussão Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |