São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Netanyahu quer cúpula em 6 meses

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou ontem que aceita reunir-se com o líder palestino, Iasser Arafat, sob a mediação norte-americana, para chegar a um acordo definitivo.
Ele comparou a possível reunião com as negociações de Camp David, que, em 1978, permitiram a paz entre Israel e Egito -o primeiro acordo do gênero no Oriente Médio.
Ainda que palestinos e israelenses já tenham feito acordos anteriores, a comparação é pertinente. O processo de paz vive um grande impasse por causa da decisão israelense de construir casas em Jerusalém oriental e da determinação dos países árabes de congelar relações com Israel.
A crise no processo de paz se reflete também no aumento da violência na área -atentados palestinos nas últimas semanas e frequentes protestos reprimidos por israelenses na Cisjordânia.
Ontem, 16º dia consecutivo de protestos, 16 árabes, entre 400 que protestavam em Hebron, ficaram feridos por causa de balas de borracha disparadas por militares. Houve choques também em Belém e Jerusalém.
Netanyahu condicionou a retomada das negociações ao fim da violência e deu um prazo de seis meses para "esclarecer todas as questões". "Se até lá não conseguirmos (retomar o processo de paz), então Arafat, o presidente Clinton e eu podemos colocar a disputa israelense-palestina em uma espécie de cúpula de Camp David."
Os palestinos afirmam que a reunião não acontece enquanto as obras em Jerusalém não foram interrompidas.
Em 1978, durante 13 dias representantes dos EUA, Egito e Israel se reuniram em Camp David, nos arredores de Washington, para negociar o acordo que seria firmado em 1979. O primeiro-ministro israelense naquela época era Menachem Begin, do partido direitista Likud, o mesmo de Netanyahu.
Binyamin Netanyahu tem um encontro marcado com o presidente Bill Clinton para segunda-feira, na Casa Branca (a sede do governo norte-americano). Clinton, principal aliado de Israel, já se disse "profundamente preocupado" com a crise.
No mês passado, ele enviou o negociador Dennis Ross para encontros separados com Netanyahu e Arafat. Mas a Casa Branca já deu sinais de que considera prematuro encontro como o de Camp David.
Pelo atual cronograma do processo de paz, Israel deve se retirar da Cisjordânia em três fases, até meados de 1998, e selar um acordo final até maio de 1999.
Os palestinos receberam mal a proposta de abandonar o atual cronograma e fechar um acordo definitivo em seis meses, em uma cúpula definitiva.
No atual estágio, os palestinos duvidam da capacidade dos EUA de mediar um acordo bom para ambas as partes. Os árabes ficaram irritados com a decisão norte-americana de vetar no Conselho de Segurança da ONU duas resoluções contra a construção do assentamento em Jerusalém oriental.

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