São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Argentina pede a Suíça e Espanha que apurem desvio de arquivos

Militares teriam escondido documentos nos anos 80

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Justiça argentina decidiu pedir à Espanha e à Suíça que investiguem a existência nesses países de listas de desaparecidos durante o último regime militar no país (1976-1983).
O pedido foi feito por pressão de entidades de direitos humanos argentinas, após o jornal espanhol "El Mundo" revelar que líderes daquele regime militar retiraram os documentos do país quando a democracia estava prestes a retornar.
Segundo o jornal, o serviço de inteligência espanhol microfilmou os documentos, que em seguida teriam sido guardados na Suíça.
O vice-chanceler argentino, Andrés Cisneros, disse que, "se até lá tudo não tiver sido esclarecido", esse tema "seguramente estará na agenda" da visita do premiê espanhol, José María Aznar, à Argentina, no dia 20 de abril.
As Forças Armadas argentinas sempre negaram que tenham guardado documentos sobre a chamada "guerra suja", a repressão a grupos de esquerda que faziam oposição ao regime.
Mas a informação do "El Mundo" está de acordo com relatos do ex-capitão de corveta Adolfo Scilingo, um "arrependido". Um informe de 1984 diz que 9.000 pessoas desapareceram devido à "guerra suja".
O caso também interessou ao juiz Adolfo Bagnasco, que apura o roubo de crianças nascidas quando suas mães, todas militantes hoje desaparecidas, estavam presas em centros ilegais de detenção.
Após o fim do regime militar, a Argentina condenou vários militares responsáveis pela "guerra suja". Todos, entretanto, foram indultados por um decreto em 1990.

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