São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Moradores fogem da violência na capital

DO ENVIADO ESPECIAL

Traumatizado com o sequestro de um amigo e vizinho, o comerciante Gilson Peres dos Santos, 53, dono de uma rede de quatro lojas de roupas, vendeu tudo e se mudou para Cabo Frio, terra de sua mulher, Heloísa, há três anos.
Nesse período, ele abriu e expandiu a Helô Móveis na cidade, onde vende móveis e eletrodomésticos em duas lojas. Planeja agora abrir uma terceira, o que, em seu modo de ver, confirma o crescimento econômico da região.
Uma de suas lojas, em Bonsucesso, zona norte do Rio, era "cercada de favelas". Agora, ele nem precisa sair de casa para trabalhar. Tem um apartamento em cima de sua loja principal.
Peres escolheu Cabo Frio para viver por causa da praia. "No Rio, a praia é muito tumultuada", diz ele, que é carioca de nascimento e há 30 anos queria se mudar para a Região dos Lagos.
Sua mulher, cabofriense de nascimento, era contra. Mas o sequestro do amigo da família fez com que ela se decidisse pela mudança. "Aqui é tudo normalzinho, tudo acontece na hora em que tem que acontecer", diz ele.
Ex-moradora de Santa Teresa, no centro do Rio, a secretária Nina Pacheco, 36, tinha uma casa de veraneio em Arraial do Cabo, mas, por questão de mercado de trabalho, optou por Cabo Frio quando resolveu sair do Rio.
"De noite era tiroteio para lá e para cá. Já era demais", diz Nina. "Em Cabo Frio ganha-se menos, mas a gente fica mais tranquila."
A secretária afirma que, quando tem que viajar para o Rio, fica "na maior paranóia". Ela diz que sua irmão já foi "refém em assalto de ônibus".
Outra vantagem da cidade é que fica perto do Rio. "Se quiser pegar um show legal, ir ao cinema, vou ao Rio e dá para voltar."
Depois de sofrer assaltos em sua casa em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Sônia Lessa escolheu transformar sua casa de veraneio em Saquarema em residência definitiva, mesmo contra a opinião de seu marido, Pedro, que acreditava que as despesas iriam aumentar.
"Meu marido pensava que ia haver a mesma gastança de quando a gente costumava passar aqui os fins-de-semana, mas entrei na rotina e não gasto mais do que no Rio", disse.

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