São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Aposentados 'incham' Região dos Lagos

FERNANDO PAULINO NETO
ENVIADO ESPECIAL À REGIÃO DOS LAGOS

Ao mesmo tempo em que parte da classe média carioca foge das mazelas da metrópole para se abrigar na Região dos Lagos, a maior cidade da região já vive alguns dos problemas de um grande centro. Em Cabo Frio, cresce um cinturão de pobreza, consequência da migração do norte fluminense.
Esses dois movimentos populacionais fizeram com que a região, com oito municípios -entre eles Cabo Frio, Araruama e o recém-emancipado Armação de Búzios-, tenha sido a que mais cresceu entre 91 e 96, segundo a contagem populacional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O crescimento populacional foi tão grande que Cabo Frio, que perdeu parte de seu território com a emancipação de Búzios, mesmo assim viu sua população crescer 19,5% no período, chegando a 101.142 pessoas. O crescimento do Estado no período foi de 3,9%.
O censo não contou como moradores os habitantes das "casas de uso ocasional", segundo Luís Antônio Oliveira, diretor do Depis (Departamento de População e Indicadores Sociais) do IBGE.
Segundo o secretário municipal de Planejamento de Cabo Frio, Augusto Vaz de Azevedo Lopes, no auge do verão, a população flutuante da cidade chega a 1,5 milhão de pessoas. Um aumento de aproximadamente 1.500%.
Para atender a essa gente, os serviços na região acabam sendo superdimensionados para o tamanho da cidade. Isso faz com que a classe média do Rio, em geral recém-aposentados, procurem a região, buscando melhor qualidade de vida, segundo Oliveira.
Ao mesmo tempo, diz o técnico do IBGE, a população do norte do Estado, como Campos e Italva, abandonam a cana-de-açúcar para tentar a sorte em empregos na área de serviços na região.
O secretário Lopes comemora a chegada das pessoas de classe média na cidade. "O principal motivo é a qualidade de vida, as condições das praias, sem poluição, e a grande oferta de imóveis", diz.
Por outro lado, Lopes se preocupa com o crescimento do cinturão de pobreza na cidade. "Estamos fazendo licitações para fazer tratamento de esgoto na região", diz ele. Além disso, Lopes garante que a prefeitura está fazendo programas habitacionais para os "bairros menos favorecidos".
Saquarema, que teve o segundo maior crescimento na região, com 16,7%, vive o mesmo fenômeno de invasão da classe média de terceira idade e começa a se preocupar com o crescimento da pobreza.
Segundo o secretário de Governo, Armando Alves, pessoas que tinham casa de veraneio na Região dos Lagos e uma residência no Rio acabaram optando por morar exclusivamente na região. É o seu caso particular.

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