São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Prejuízo deverá ser total

DEISE LEOBET

DEISE LEOBET; JOSÉ MASCHIO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Os acionistas do Bamerindus correm o risco de perder todo o investimento que fizeram nos papéis da instituição.
Segundo o analista de mercado Marcelo Martenetz, o valor das ações do banco somente será conhecido depois que houver uma definição do Banco Central em relação à forma como será feito o processo de saneamento da instituição.
Desde que foi decretada a intervenção, a negociação dos papéis do Bamerindus nos pregões das Bolsas de Valores foi suspensa por tempo indeterminado.
A única opção dos acionistas é tentar negociar as ações "no balcão", ou seja, vender a terceiros. "Mas ninguém quer saber desses papéis", disse Martenetz.
Segundo o analista de mercado, na hipótese da liquidação do Bamerindus, as ações somente terão valor se, depois de vendido todo o patrimônio do banco, restar algum dinheiro em caixa para ser distribuído entre os acionistas.
"Na minha opinião, será muito difícil que, mesmo depois de vendidos todos os bens, sobrem recursos para pagar os acionistas", afirmou Martenetz.
O HSBC Bamerindus já sinalizou que não pretende intervir na questão das ações do banco sob intervenção. A questão ficou na esfera do Banco Central.
O presidente do Conselho da Bolsa de Valores do Paraná, Abílio Peixoto Neto, encaminhou uma carta ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em que pede que seja dado um tratamento diferenciado aos pequenos acionistas, "que compram ações como mais uma opção de investimento".
Para Maria Rosa Vieira, 84, tia do senador José Eduardo Vieira (PTB-PR), ele descumpriu uma recomendação do pai e provocou a crise.
Segundo ela, seu cunhado Avelino Vieira foi deputado na década de 40, pelo PSD, mas largou a política e profetizou: banco e política não combinam. "O Zé esqueceu o aviso e olha o que aconteceu."
A aposentada Esméria Vieira de Castro (não é parente), 72, é menos indulgente. Para ela, o senador "gastou demais na política e a gente é que paga".
Ela disse ter cerca de 3.000 ações do banco "que hoje não valem nada". Uma semana antes da intervenção, valiam R$ 39 mil (R$ 13 por ação).
O senador José Eduardo Vieira tem insistido na tese de que a crise foi gerada por problemas de liquidez, e não de má gestão.

Colaborou José Maschio, da Agência Folha

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