São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Ranking de ocupações é radiografia social

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

As profissões em alta e em baixa revelam o tipo de sociedade em construção no país. Por meio dos ofícios mais procurados é possível saber desde as características valorizadas pelo mercado de trabalho até os hábitos do dia-a-dia.
Assim, o ranking de ocupações indica que o consumo tornou-se mais importante do que a produção, que ter um mínimo de estudo é essencial e que cresce a opção por morar em edifícios e comer fora.
Em relação à faixa etária, aumentam lentamente as vagas para trabalhadores de meia-idade ou que beiram a aposentadoria, acompanhando o ritmo de envelhecimento da população.
Os dados se referem ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e refletem o que acontece apenas na parcela do mercado de trabalho formal, com carteira assinada.
Contradição
O mercado de trabalho brasileiro revela uma aparente contradição. A maior demanda de um tipo específico de mão-de-obra é por trabalhadores braçais não classificados -sem habilidades específicas.
Ao mesmo tempo, cresce a procura por professores -sinal de que a qualificação obtida na escola é cada vez mais valorizada.
Reforça a evidência o fato de terem sido eliminadas, em 96, 21 mil vagas de trabalhadores que não haviam chegado nem à quarta série. Ao mesmo tempo, foram criados 162 mil empregos para quem tem primeiro grau completo.
A demanda por qualificação dos brasileiros, porém, está limitada por seus salários. Mais bem pagos, os homens com curso superior perderam 13 mil vagas em 1996.
As mulheres com a mesma escolaridade, entretanto, viram seu mercado ser acrescido de 5.652 novos empregos. Não por acaso, elas recebem até 40% menos do que os trabalhadores masculinos.
Os efeitos do aumento do consumo, principalmente da camada social que ficava à margem dos balcões e gôndolas de supermercados nos tempos de inflação alta, ficam evidentes no ranking de empregos.
Diante do afluxo de consumidores emergentes, o comércio abriu mais lojas ou ampliou a capacidade de atendimento das já existentes. Resultado: cerca de 28 mil novas vagas para vendedores foram criadas no Brasil em 1996.
Computadas as vagas do mercado de vendas no atacado e outras ocupações ligadas ao setor, o comércio produziu 88 mil novos empregos no ano passado.

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