São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997 |
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Bancos ganham com 'freio' na importação Arbitragem de juros mudará de mãos GABRIEL J. DE CARVALHO
A avaliação é de Michel Alaby, vice-presidente executivo da Adebim (Associação das Empresas Brasileiras para a Integração do Mercosul), e de Sidnei Nehme, da NGO Corretora de Câmbio. A chamada arbitragem de juros -ganho entre taxas interna e externa-, que antes favorecia o importador, acabará sendo feita pelo banco que fechou o câmbio. Para Nehme, caberá ao importador ter habilidade para negociar com o banco uma bonificação pelo ganho que a operação vai continuar propiciando. Empresas de maior porte certamente vão conseguir um "troco", dado seu poder de barganha junto ao banco, mas as pequenas e médias terão mais dificuldade nessa negociação. As grandes também têm condições de financiamento acima de 360 dias, escapando da restrição. Arbitragem O financiamento externo favorecia o importador porque o custo (juro mais câmbio) é bem inferior ao que ele teria, no país, tomando dinheiro para financiar seu capital de giro. Além disso, o importador ganhava três meses ou mais com o caixa que fazia vendendo no país o que trouxe do exterior. Para muitas empresas de menor porte, o financiamento externo da importação supria o crédito que ele não conseguia por aqui. O ganho de muitas empresas importadores era tão alto que permitia boa redução de preços na venda das mercadorias internamente, abalando qualquer concorrência. Até a restrição do governo, só o importador ganhava, já que ele entregava os reais ao banco (equivalentes aos dólares a serem remetidos) quando dos vencimentos do empréstimo externo. Agora, o importador terá de fechar o contrato de câmbio e entregar os reais ao banco antecipadamente, quando do desembarque da mercadoria. Como os dólares serão remetidos nos vencimentos combinados, os reais entregues pelo importador no desembarque ficarão no caixa do banco. Integrarão seu "funding", como se diz, podendo ser aplicado e obter retorno. Como já fechou todo o câmbio da operação com o importador, o banco remeterá os dólares para fora nos vencimentos previstos. Mas não "torra" todos os reais na compra imediata dos dólares. O banco "trava" a operação, ou seja, compra dólares no mercado futuro, neutralizando o risco cambial que ficou só com ele. Em toda essa operação, o banco terá um custo "x" e aplicará a "x" mais "y". É esse "y" que poderá ser dividido entre banco e cliente (importador), diz Nehme. Para Alaby, o dinheiro depositado antecipadamente nos bancos pelos importadores poderia ser remunerado pela Libor, por exemplo, e se transformar num fundo de financiamento de capital de giro para as empresas exportadoras. Texto Anterior: Tesouro dos Estados Unidos já está globalizado Próximo Texto: A mais importante CPI da história Índice |
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