São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Senadora está em ascensão
RODRIGO BERTOLOTTO
Ela trocou a capital do país, onde se elegeu deputada e senadora, e se transferiu para a Província de Buenos Aires, feudo do peronismo. "Meu interesse não era irritar ninguém da oposição. A Frepaso quer derrotar Menem", afirma Meijide, 67, apontando para a eleição presidencial de 1999. Ela perdeu seu filho Pablo, na época com 17 anos, desaparecido no último regime militar, e participou do Mães da Praça de Mayo e outros grupos de direitos humanos, antes de entrar na Frepaso. Folha - Existe uma receita para derrotar o peronismo em seu reduto, a Província de Buenos Aires? Graciela Fernández Meijide - Não há mágica: é muito corpo-a-corpo. Estou apostando que boa parte da classe média-baixa e baixa vai abandonar o peronismo. Folha - O peronismo deve lançar Hilda Duhalde, que lidera a política de assistência social da Província. O que fazer para superar sua popularidade? Fernández Meijide - O peronismo criou muitos direitos sociais para os trabalhadores nos anos 40 e 50, mas, agora, quando se desgasta no poder, está recorrendo ao assistencialismo, submetendo a população ao clientelismo. A sra. Duhalde não pode dizer que seu trabalho é social. O seu trabalho é, sim, político. Folha - O que mudará no discurso para se aproximar da população da Província? Fernández Meijide - Vou acrescentar assuntos como desemprego e segurança. Minha preocupação está em buscar votos no campo, nos pampas. Tenho de aprender mais sobre temas agropecuários. Folha - O crescimento de sua popularidade feriu vaidades de membros de seu partido ou da União Cívica Radical (tradicional partido argentino, na oposição)? Fernández Meijide - Meu interesse não era irritar ninguém da oposição. A Frepaso quer derrotar Menem. Só isso. Folha - A sra. está apostando tudo nas eleições deste ano? Fernández Meijide - Tudo não. Não sei muito bem onde quero chegar na política, mas neste ano vou jogar forte. Folha - Dentro da política, qual é sua maior qualidade e seu defeito? Fernández Meijide - Sou racional e incansável, mas meu trunfo é que as pessoas percebem que não tenho um discurso duplo. Não vou falar para o eleitor que, se eu me eleger, vou mudar sua vida. Não ofereço o que não posso dar. Um defeito? Um que eu me policio todo o tempo é a soberbia. Folha - A sra. diz que está aprendendo a fazer política, mas seus companheiros e adversários lhe conferem um ótimo olfato. Fernández Meijide - A intuição é uma forma de inteligência, é saber ler as coisas em sua totalidade. Não é um sexto sentido. Mas existem também as regras políticas, como alianças de partidos, que têm toda uma carga histórica. Folha - A sra. prefere concorrer com uma outra mulher ou contra um político tradicional? Fernández Meijide - Contra os tradicionais seria mais fácil porque é simples desarmar suas estratégias. Com uma mulher como adversária, como a sra. Duhalde, tudo fica mais imprevisível. (RB) Texto Anterior: Eleição na Argentina é prévia para 99 Próximo Texto: Protegido de Menem lidera lista na capital Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |