São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Malufismo aposta no fracasso da CPI

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O malufismo já está respirando aliviado e apostando que a CPI não conseguirá ferir mais Paulo Maluf e Celso Pitta.
"A CPI está se esticando e se perdendo e não achou e nem vai achar mais nada que possa complicar o Paulo e o Pitta", afirmou ontem o empresário Calim Eid, um dos homens de confiança de Maluf.
O pensamento verbalizado por Eid é quase consensual no grupo do ex-prefeito paulistano. A avaliação é que a CPI emperrou na busca de fatos que comprovassem irregularidades graves na administração do prefeito Maluf e do à época secretário Pitta (93 a 96).
Eid chega até a apostar numa bem-sucedida pizza no final dos trabalhos da CPI. "Nada de grave foi apurado até agora, nem para o banco Vetor", acha.
O empresário e articulador do malufismo acrescentou que, em seu entender, tudo que eventualmente for apurado pelos senadores não será aceito como prova pela Justiça. "A CPI está arrasando as testemunhas e isso é fácil de derrubar na Justiça", afirmou.
Ensaiando o discurso que dá seu grupo como vítima de perseguição política -e que será adotado por Maluf quando voltar ao país-, Eid declarou que não houve dano irreparável ao malufismo. "As imagens do Paulo e do Pitta foram desgastadas, mas o Paulo recupera na primeira campanha eleitoral."
Paubrasil
Envolvido no caso Paubrasil, que arrecadou cerca de R$ 19 milhões de maneira clandestina para campanhas eleitorais do malufismo, Eid está tentando reaproximar o pianista João Carlos Martins e Maluf.
Martins, dono da empresa Paubrasil, foi multado pela Receita Federal por causa do esquema de arrecadação. Em recente entrevista à Folha, o pianista declarou-se abandonado pelo ex-prefeito.
No bastidor, o malufismo trabalha com a informação que Martins não aceita pagar a multa, que em 93 foi calculada em aproximadamente R$ 7 milhões.
"O desabafo do João não leva a nada, mas a multa é irregular e a Paubrasil vai provar que não tem condições de pagar aquilo", acha Eid.
Desagravo
Em outra ponta, o malufismo está preparando uma série de eventos em desagravo a Pitta.
A idéia é que empresários, trabalhadores e associações de profissionais liberais e de bairro organizem atos em homenagem a Pitta. Lógico, a grande maioria das entidades do esquema é simpática ao malufismo.
Ao mesmo tempo, os marketeiros que trabalham para o grupo do ex-prefeito estão incentivando Pitta a abrir mais espaço na agenda para a participação em eventos externos. O objetivo é mostrar que a prefeitura paulistana não parou por causa da CPI.
Domingo, o PPB vai transformar a convenção estadual do partido em São Paulo num grande ato de solidariedade a Maluf e Pitta. O ex-prefeito deve voltar até sexta-feira ao país.
Caravanas de malufistas serão trazidas do interior do Estado e da periferia da capital para garantir a platéia. Na ocasião, o ex-deputado federal Marcelino Romano Machado deve ser guindado à presidência do PPB paulista.
Machado é totalmente obediente a Maluf, de quem foi secretário municipal. Substituirá o deputado Vadão Gomes, que caiu em desgraça depois de votar a favor do direito de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.

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