São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997 |
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Tribunal de Justiça Militar pode abrir 5 processos
MARCELO GODOY; CRISPIM ALVES
O primeiro caso que deverá ser denunciado pelo Ministério Público é o das lesões corporais das vítimas das blitze policiais. Segundo Nucci, três vítimas já foram ouvidas e representaram pela abertura de inquérito perante à Polícia Civil de Diadema e ao promotor José Carlos Guilhem Blat. Cópias dos depoimentos das vítimas deverão ser mandadas para o promotor Nucci. Além delas, ele também receberá cópias do três volumes do processo sobre a morte do conferente Mário José Josino. As duas peças mais importantes desses volumes são a fita com as imagens e o laudo do IC (Instituto de Criminalística) que atesta a autenticidade da gravação. Nucci afirmou que sua principal preocupação é encontrar meios de provar a existência das lesões, uma vez que não foram feitos exames de corpo de delito. Quando os crimes dos PMs foram cometidos, não existia lei que punia a tortura. Antes, casos como esses eram enquadrados como lesão corporal, e para que seus autores sejam punidos é necessário provar a existência das lesões. Além dos espancamentos, o promotor disse que também deverá denunciar pelo crime de danos o policial militar que amassou com golpes de cassetete a lataria de um Passat que foi parado pela blitz. Nucci declarou também que irá analisar o depoimento do aspirante Wilson Góes Júnior antes de decidir se irá denunciá-lo por prevaricação. Góes aparece na fita acompanhando o início e o final da blitz no dia em que Josino foi morto. Ele empunhava uma metralhadora. O quarto processo que poderá ser aberto é o de extorsão. Esse é o caso mais difícil, segundo o Ministério Público, pois nenhuma das vítimas que aparecem no vídeo supostamente sendo extorquida pelos PMs deu queixa até agora. O último caso que poderá ser apreciado pela Justiça Militar é o do tenente-coronel Pedro Pereira Matheus. Ex-comandante do 24º Batalhão, Matheus é o contato legal de uma empresa de segurança na zona sul de São Paulo. Segundo Nucci, a Corregedoria da PM abriu uma investigação para saber se o oficial seria sócio oculto da empresa de segurança. Caso isso fique constatado, Matheus poderá ser processado com base no artigo do Código Penal Militar que pune o exercício do comércio por parte dos membros da corporação. Suspeitos A corregedoria também está investigando dez suspeitos de participar de atos de violência em Diadema. Os dez não estão presos. Eles estão à disposição da PM, dando expediente na corregedoria enquanto são investigados. Até o momento, há 13 PMs presos, sendo 10 preventivamente. (MG e CA) Texto Anterior: Rambo e Júnior podem ser condenados a 97 anos Próximo Texto: Governo vai criar grupo de estudo Índice |
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