São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Brasil exporta produtos sem tecnologia

DA SUCURSAL DO RIO

Estudo da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) mostra que apenas 8% do valor das exportações brasileiras está incluído nos setores mais dinâmicos da economia global.
Segundo a AEB, dos 33 grupos de produtos que empregam mais tecnologia e têm níveis de aumento das exportações mundiais acima de 10% ao ano, o Brasil só participa com o setor automobilístico.
O presidente da AEB, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, disse que, para o país equilibrar suas transações comerciais, "não basta tratar do 'custo Brasil', melhorar as condições de financiamento ou mudar o câmbio".
Para Pratini, o estudo indica que o país precisa "investir rapidamente" na modernização da indústria, para que passe a exportar grande volume de produtos que utilizam maior tecnologia.
Segundo a AEB, a maioria dos setores dinâmicos da economia mundial tem a ver com o uso da eletrônica. O setor de unidades de memória, por exemplo, que são usadas em computadores, vem crescendo à taxa anual de 73%.
Em 95, o volume total do comércio de exportação desse setor foi de US$ 33 bilhões, segundo a AEB. A venda dos microcircuitos eletrônicos tem crescido à taxa anual de 28,5%, com volume de exportação de US$ 127 bilhões em 95.
Preços dos anos 80
Tendo como base o estudo, Pratini fez uma comparação: para se importar um computador e uma impressora de última geração, paga-se US$ 4.000. Para efetuar essa compra, o Brasil precisa exportar 200 toneladas de minério de ferro, 15 toneladas de aço ou ainda 4 toneladas de frango congelado.
O documento da AEB -que tem como base dados da Unctad, organismo da ONU que trata do desenvolvimento do comércio mundial- foi enviado para o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e outras autoridades do governo federal.
O estudo faz uma análise do comércio internacional nos últimos 15 anos. "Com exceção do setor automobilístico, não estamos investindo para exportar em áreas de maior tecnologia", disse Pratini.
No sentido inverso, 40% do valor das importações brasileiras pertencem a esses setores mais dinâmicos, como bens de capital (máquinas e equipamentos industriais), bens de consumo durável (principalmente produtos eletrônicos) e matérias-primas industriais (ligas especiais).
Pratini afirmou que as exportações básicas do Brasil estão limitadas a produtos de baixa demanda mundial e com preços que não sobem, como alumínio, celulose, soja, café, cacau e carne.
"Hoje, os preços dos produtos básicos de exportação do Brasil são equivalentes aos praticados no final dos anos 80", disse Pratini.

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