São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Roupas custam o mesmo que eletrônicos

DANIELA FERNANDES
FÁTIMA FERNANDES

DANIELA FERNANDES; FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Terno de lã da Viva Vida é vendido por R$ 680, preço igual ao do ar condicionado da Consul com controle remoto

O consumidor de maior poder aquisitivo vai pagar por uma peça da coleção outono-inverno, que acaba de chegar às lojas, preço semelhante ao de um novo eletroeletrônico -em exposição na UD, feira realizada atualmente em São Paulo.
Diferentemente da indústria eletroeletrônica -que foi forçada a se adaptar à abertura do mercado, o que resultou na redução de preços-, as lojas que atendem as classes média e alta puderam manter os preços -altos- em razão da "exclusividade" das peças.
Assim, os preços da nova coleção dessas grifes estão bem mais próximos aos dos eletroeletrônicos, que a cada dia apresentam inovações tecnológicas, o que lhes confere mais valor.
O consumidor que for à loja Éclat, por exemplo, irá pagar R$ 3.785 por um vestido longo de veludo Valentino. Esse é praticamente o mesmo preço do novo refrigerador "side by side" da Electrolux, que chegará ao varejo, em breve, por cerca de R$ 4.000.
Na G, um blazer de lã da nova coleção está custando R$ 673,52. Com essa quantia, o consumidor pode comprar por R$ 690 o novo modelo de lavadora da Electrolux, com capacidade para oito quilos de roupa.
A Folha comparou preços de vários lançamentos que estão na UD com os de artigos da nova coleção outono-inverno. São vários os exemplos de preços similares entre essas duas linhas de produtos.
Queda de até 10%
Pelos cálculos da Fipe, os preços dos eletroeletrônicos caíram, desde o Plano Real até agora, 10%, dependendo do produto.
E aqueles que subiram ficaram bem abaixo da inflação apurada no período, afirma Heron do Carmo, economista da Fipe.
Já as confecções sofisticadas ouvidas pela Folha, como G, Maria Bonita, Éclat, Hugo Boss e Viva Vida, informam que os preços da nova coleção são praticamente iguais aos do ano passado.
"A variação de preço de artigos de vestuário é muito maior do que a de produtos eletroeletrônicos, apesar de os preços de roupas mais populares terem caído 20% desde o Plano Real até agora."
Roberto Macedo, presidente da Eletros, que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos, diz que os preços do setor caíram mais do que os das roupas de grifes porque a competição no setor é acirrada.
"Mesmo que um produto seja caro no seu lançamento, a tendência é sempre o preço cair, especialmente enquanto o mercado se mantiver aberto."
A Philips, por exemplo, informa que os preços da sua linha de TV caíram em torno de 10% em um ano por conta do aumento do número de marcas no Brasil.
Preços internacionais
Claus Reinhardt, diretor de marketing da Hugo Boss, diz que a rede de lojas está cobrando no Brasil os mesmos preços das lojas da grife em Londres e Nova York.
Mas, na média geral, os preços de grifes no Brasil ficam acima dos praticados por lojas de igual porte no exterior. Os eletroeletrônicos, que até pouco tempo eram bem mais caros, já têm preços similares aos do mercado internacional.

48ª UD - Feira Internacional de Utilidades Domésticas, até 13 de abril. De segunda a sexta-feira, das 14h às 22h. Sábado e domingo, das 13h às 22h. No Anhembi, em São Paulo. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (para crianças até 12 anos).

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