São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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MAC comemora 34 anos e volta ao prédio da Bienal com seis mostras

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Museu de Arte Contemporânea comemora hoje seu 34º aniversário e também o retorno ao seu espaço no terceiro andar do pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, com seis mostras, dezenas de artistas, centenas de obras. E isso tudo não é exagero.
Apenas na mostra de Di Cavalcanti, são 120 desenhos. "Arte Paisagem - A Estética de Roberto Burle Marx" traz 60 óleos, 30 desenhos e mais gravuras, tapeçarias, esculturas e um painel do paisagista. "Heranças Contemporâneas" tem obras de 17 artistas emergentes e de seus mestres. "Arte Brasileira Anos 80-90" traz os "high-lights" do acervo do museu nesse período, que não são poucos.
No ano de seu centenário de nascimento, que acontece em 6 de setembro, o pintor modernista Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) funciona como o abre-alas desse desfile de estilos, escolas e tendências.
O conjunto de 120 de seus desenhos, apesar de não se caracterizar como uma retrospectiva, mostra várias faces da produção do pintor. Helouise Costa, curadora da mostra, diz que procurou fugir do estereótipo do pintor de mulatas.
"A idéia não é mostrar o melhor de sua produção, mas toda a trajetória do artista, com o percurso natural de erros e acertos", disse. Para isso, dividiu a mostra em sete módulos temáticos.
A curadora procurou evidenciar a diversidade de seu traço, algo que se percebe como definidor da forma, por vezes com mais intensidade que a cor. "É um reflexo de seu início de carreira como desenhista e chargista."
Serão apresentados desenhos em diversas técnicas, como grafite, nanquim, guache e scraper board (uso de um papel preto, tingido com tinta indiana, em que o desenho é feito por meio de raspagem).
Também é possível notar várias influências sofridas por Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, como o cubismo (desenhos fragmentados pela linha ou saturação da cor), pintura metafísica (ambientações oníricas) e arquitetura (geometria e divisão do espaço nos desenhos para cenários e cartazes).
Di Cavalcanti dialoga ainda com a figuração latino-americana, principalmente nos países da costa do Pacífico, por figuras como o colombiano Fernando Botero e o mexicano Diego Rivera.
Essas características, porém, não afastaram o artista da brasilidade defendida já na Semana de Arte Moderna de 1922, da qual participou ativamente, e que apelava para uma conscientização do valor da arte brasileira, até então preocupada em acompanhar as fórmulas clássicas européias.
Outro mérito da mostra é que vários dos desenhos foram restaurados e condicionados corretamente especialmente para o evento. Também há alguns desenhos nunca mostrados para o público.
O MAC nasceu em 8 de abril de 1963, graças a uma doação de Francisco Matarazzo Sobrinho à USP. Em sua sede na USP (r. da Reitoria, 160), mantém seu acervo de 5.500 obras e uma biblioteca de 5.000 livros, 30 mil catálogos e 120 mil títulos de jornais e revistas.

Mostras: "O Traçado Modernista: Desenhos de Di Cavalcanti", "Heranças Contemporâneas", "Arte Brasileira Anos 80-90", "Arte e Paisagem: a Estética de Roberto Burle Marx", "Painel da Crítica ABCA", "Cachorros" (projeto de arte-educação)
Onde: terceiro andar do pavilhão da Bienal (portão 3 do parque Ibirapuera, tel. 011/573-9925)
Vernissage: hoje, às 19h
Quando: de terça a domingo, das 12h às 20h. Até 3 de agosto
Entrada: grátis

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