São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Emergentes esterilizam a violência em "Forma Perversa"

DA REPORTAGEM LOCAL

A maneira como a violência atua na formação de alguns jovens artistas e a forma como ela se manifesta em suas produções, isenta de questões psicológicas, é a proposta de "Forma Perversa", mostra que se inaugura hoje na galeria Luisa Strina, com obras de Keila Alaver, Marcelo Arruda, Roberto Carneiro e Rogério Miranda.
"A mostra aborda como esses artistas pegam a violência e criam um vocabulário plástico. Não se tratam de trabalhos intimistas ou conflitos psicológicos, mas de uma violência sem a moral que prevalecia nas décadas anteriores", disse Felipe Chaimovich, curador.
Ao escolher seus materiais -seringas, mangueiras de borracha e "borboletas" usadas para a transmissão de soro-, Roberto Carneiro parte de uma questão biográfica -um tratamento médico-, mas a esteriliza em esculturas minimalistas, em que cor, forma e ritmo prevalecem. É o caso de "Azul", série de seringas que, carregadas com líquido azul, perde seu perfil ameaçador e se transforma em um novo horizonte.
Sepultados em caixas de luz, os fragmentos de cadáveres de Marcelo Arruda perdem sua conotação mórbida para acabar se tornando pura abstração em linha e cor.
A violência da costura em um corpo dilacerado e impassível marca "Keila", Frankenstein criado à própria semelhança por Keila Alaver.
Rogério Miranda trabalha com a perversão própria de seu meio -a publicidade, que simula desejos e ilude os olhos- e transforma gel e bolhas em novas ameaças.

Mostra: Forma Perversa
Artistas: Keila Alaver, Marcelo Arruda, Rogério Miranda, Roberto Carneiro Curador: Felipe Chaimovich
Onde: galeria Luisa Strina (r. Padre João Manoel, 974 A, tel. 011/280-2471, Jardins)
Vernissage: hoje, às 19h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 14h. Até 3 de maio

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