São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Violência em discussão; Lei de Licitações; Processo em andamento; Cinegrafista; Tempos de precatórios

Violência em discussão
"Dora Kramer publicou no 'Jornal do Brasil' um artigo no qual afirma que aqueles que defendem teses como 'bandido bom é bandido morto' são cúmplices da violência em Diadema.
Na mesma situação se encontram aqueles que criticavam o governador Mário Covas porque seu secretário da Segurança estava 'excessivamente' preocupado com direitos humanos.
Por outro lado, Elio Gaspari, nesta Folha, volta sua atenção para a elite brasileira e, comentando a nova edição do livro de Paulo Prado, afirma: 'Agora, o 'Retrato do Brasil' surge como um documento inestimável para o reconhecimento de uma forma de pensamento racista, mistificadora e astuciosamente pessimista da elite nacional. É um manifesto de inconformismo de uma turma que se sente obrigada a viver numa sociedade que não a merece'.
E, na mesma linha, entrevista Raimundo Faoro, que declara: 'A elite brasileira passa para baixo uma noção excludente do que vem a ser o povo. O povo é o outro... Se houvesse uma noção de respeito ao cidadão, em vez de estarmos discutindo a má qualidade do caráter daqueles dez bandidos estaríamos cuidando de acabar com a Justiça Militar, que mantém em liberdade os criminosos que não foram filmados'.
Artigos e entrevistas como esses honram a imprensa brasileira."
Luiz Carlos Bresser Pereira, ministro da Administração e Reforma do Estado (São Paulo, SP)

Lei de Licitações
"Sobre o editorial 'Comprador suspeito' (21/3): entendemos que o critério de nota técnica não se presta a decidir licitações. Ele deve ter caráter somente classificatório.
A defesa que fazemos do aspecto técnico se restringe à capacitação técnica e operacional das empresas.
A decisão para obras deve se basear no preço, que não pode ser o menor. Preços baixos demais são apenas preços inexequíveis, que acabam levando a gastos ainda maiores.
Também defendemos o 'performance bond', em valores compatíveis com a realidade do mercado brasileiro, de modo a garantir a possibilidade de competição ao maior número possível de concorrentes.
Entendemos que a atual lei tem vícios insanáveis de origem, que impossibilitam seja reformada.
Sobre a reportagem 'Empreiteiros atacam critério técnico' (24/3), a respeito do debate promovido por este jornal sobre o anteprojeto da lei de licitações, gostaria de acrescentar:
1) as críticas que estão sendo levantadas contra o anteprojeto partem daqueles que não se detiveram num maior aprofundamento das mudanças propostas pelo governo;
2) o Sinicon defende o amplo direito de todas as empresas participarem em igualdade de condições das licitações, assim como reconhece que o país necessita de uma lei que proteja os interesses da sua sociedade;
3) em momento algum o Sinicon negou seu apoio ao anteprojeto, pois entende que este evitará o desperdício dos recursos públicos;
4) o Sinicon, em conjunto com as dez entidades que compõem o Fórum da Construção Pesada, considera o anteprojeto um grande avanço."
Luiz Fernando Santos Reis, presidente do Sinicon -Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Rio de Janeiro, RJ)

Processo em andamento
"Sobre a reportagem '1.800 cidades seguem agenda' (15/3), relativa à Agenda 21: a reportagem cita a cidade peruana de Cajamarca como modelo de cidades que 'estão mais avançadas no processo de implantação de conselhos municipais para o desenvolvimento sustentável'. Diz a reportagem que 'outras cidades, como São Paulo e Porto Alegre, estão iniciando o processo'.
É preciso esclarecer que São Paulo não está iniciando o processo. Com a implantação do Sistema Municipal de Meio Ambiente, em outubro de 1993, a Prefeitura de São Paulo criou não apenas o órgão executivo, responsável pela gestão das questões ambientais, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, como, também, o Cades.
Em 1994, participamos, juntamente com o prefeito Paulo Maluf, em Manchester, Inglaterra, do Fórum Global, evento que contou com a presença de organizações não-governamentais de todo o mundo. Lá foi firmado o compromisso de que São Paulo desenvolveria todos os esforços para formulação e concretização da sua Agenda 21 - Local.
Em setembro de 1996 São Paulo fazia o lançamento oficial de sua Agenda 21 - Local, no Museu de Arte Moderna."
Werner Eugênio Zulauf, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente e presidente do Cades -Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de São Paulo (São Paulo, SP)

Cinegrafista
"Sobre a reportagem 'TVs exibem versões diferentes sobre fita de vídeo' (5/4): 1) existem, de fato, duas versões diferentes sobre a fita de vídeo gravada na favela Naval -mas nenhuma delas é da Rede Bandeirantes. Uma foi assumida pela Rede Globo, em reportagem do 'Jornal Nacional' da última sexta-feira. A outra foi apresentada ao vivo, no 'Jornal da Band' da mesma sexta-feira, pelo autor das imagens;
2) a Folha se refere ao entrevistado do 'Jornal da Band' como 'suposto' cinegrafista. É claro que o 'Jornal da Band' só levou ao ar a reportagem depois de checar toda a história;
3) a reportagem trata o 'suposto' cinegrafista ora como Francisco, ora como Antônio. Francisco é, segundo o 'Jornal Nacional', o nome verdadeiro. Antônio, como o 'Jornal da Band' informou desde logo, é um nome fictício. Foi adotado para resguardar a identidade do entrevistado;
4) é pena que a Folha não tenha localizado Paulo Henrique Amorim 'até as 23h' de sexta-feira. Entre 20h40 e 21h45 ele permaneceu na redação;
5) a reportagem informa o desempenho do 'Jornal Nacional' e do 'Jornal da Band' no Ibope. No caso do 'Jornal Nacional', a Folha cita o pico de audiência: 45 pontos. Sobre o 'Jornal da Band', o leitor fica sabendo apenas da audiência média: 2 pontos. A comparação não apenas é desleal, como também equivocada. Conforme relatório do Ibope em nosso poder, o 'Jornal da Band' de sexta-feira registrou audiência média de 3 pontos e pico de 5 pontos e o 'Jornal Nacional' teve média de 35 pontos, com picos de 39 -e não de 45 como afirmou a Folha."
Marcelo Vaz, editor-executivo do "Jornal da Band" (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha procurou Paulo Henrique Amorim seis vezes na noite de sexta-feira, no período entre 21h45 e 22h40. A informação de que o "Jornal Nacional" teve pico de 45 pontos na noite de sexta era preliminar, não-oficial.

Tempos de precatórios
"Tempos outros: pão, circo e muito suco de laranja."
Roberto Gomes Caldas Neto, presidente da Associação Brasileira de Defesa do Contribuinte (São Paulo, SP)

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