São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Ex-assessor de Pitta dizia ter 'acesso' ao BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-funcionário da Prefeitura de São Paulo Nivaldo de Almeida disse a autoridades paranaenses que conseguiria aprovar junto ao Banco Central "qualquer valor" para emissão de títulos destinados a pagamento de precatórios.
Almeida assessorava o ex-coordenador da Dívida Pública do município de São Paulo Wagner Baptista Ramos -apontado como um dos mentores do esquema de irregularidades na emissão e negociação de títulos públicos- e o então secretário das Finanças, Celso Pitta, atual prefeito paulistano.
A denúncia foi feita ontem à CPI dos Precatórios por uma testemunha convocada pelo relator, Roberto Requião (PMDB-PR). Trata-se de Luir Ceschin, procurador-chefe da Secretaria de Assuntos Especiais da Procuradoria Geral do Estado do Paraná.
"Se eu falei alguma coisa do Banco Central foi contando vantagens, porque não tem nada a ver", disse Almeida à CPI.
"O sr. Nivaldo me foi apresentado como uma pessoa autorizada pelo governo para tratar de precatórios", disse Ceschin. Ele afirmou ter conversado com Almeida em em outubro e novembro de 1996.
Segundo o procurador, Almeida queria uma lista de precatórios que pudessem justificar uma emissão de títulos no Paraná. "Chamou a atenção o valor pretendido, de cerca de R$ 1 bilhão. Isso era quatro vezes mais do que o valor dos precatórios", disse o procurador.
Ceschin teria afirmado a Almeida que não dispunha das informações solicitadas. "Nesse momento, ele ligou, na minha frente, para o senhor Mário Petraglia, a quem pediu o número de um funcionário do Poder Judiciário", afirmou.
Petraglia, controlador do grupo Inepar, atuou nas campanhas eleitorais dos governadores Jaime Lerner (PR) e Paulo Afonso Vieira (SC), segundo o relator da CPI.
"O esquema dos precatórios chegou ao Paraná e foi abortado pela instalação da CPI. O Banco Vetor, nesse caso, ficou de fora. O esquema era coordenado pelo senhor Petraglia", disse Requião.
Almeida negou contato com Petraglia. Chegou a dizer que esteve em Curitiba para fazer "orçamento de armário embutido". Depois, admitiu reuniões na Procuradoria.
A ex-chefe da contabilidade da secretaria das Finanças de São Paulo Maria Helena Cella também depôs ontem à CPI.

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