São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Comissão quebra sigilo de diretor do BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chefe do Departamento da Dívida Pública do Banco Central, Jairo da Cruz Ferreira, disse ontem que usou Ronaldo Ganon, do Banco Vetor, como intermediário para buscar ajuda do ministro Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores) na obtenção de vistos para o exterior.
Ferreira disse aos senadores da CPI que pediu o favor a Ganon por intermédio de Pedro Neiva, ex-assessor da Secretaria das Finanças da Prefeitura de São Paulo.
Os vistos seriam para viagem ao exterior de dois sobrinhos de uma prima da mulher de Ferreira, Tânia Maria dos Santos Grangeon.
Depois de seu depoimento, a comissão aprovou, por unanimidade, a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal de Ferreira.
Ele contou a história sobre os vistos para justificar dois telefonemas que recebeu do Vetor em seu celular e outros dois que a instituição fez ao telefone de sua mulher. Ganon é concunhado de Lampreia.
"Não conversei com o ministro e o visto foi conseguido de forma outra", disse Ferreira. Segundo ele, o visto foi obtido por intermédio do chefe de gabinete do Ministério das Relações Exteriores.
Ele afirmou que não sabia que Ganon era sócio do Vetor. "É uma pessoa que conheci como 'Roni' e depois vim a saber que é Ganon", disse Ferreira. A história foi confirmada por Neiva: "Lembro que o dr. Jairo precisava de visto e eu entrei em contato com o sr. Ganon".
Apesar do favor que Neiva teria prestado a Ferreira, ambos negaram que tivessem uma relação que excedesse os contatos profissionais. Neiva disse que esteve no BC exclusivamente para tratar da emissão de títulos de São Paulo e que não teria intermediado a obtenção de pareceres para outros municípios ou Estados.
A CPI identificou ainda outros três telefonemas do Banco Maxi-Divisa a Ferreira. Wagner Baptista Ramos também telefonou para o celular de Ferreira.
O Maxi-Divisa coordenou o lançamento dos títulos de Alagoas. Ramos é apontado como um dos integrantes do esquema.
Ferreira disse que os contatos com Ramos eram exclusivamente para tratar da emissão de títulos de São Paulo. Neiva não soube explicar por que o Vetor pagou para ele passagens aéreas para Brasília, se ele só viajava para a cidade para tratar de assuntos de São Paulo: "Realmente, não me lembro".

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