São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Posto policial comunitário recebe reforço em plantão

DA SUCURSAL DO RIO

Na noite de segunda-feira, o posto de policiamento comunitário do bairro Cidade de Deus recebeu um reforço de quatro homens. O plantão, normalmente com cinco policiais, teve nove. Os policiais temiam um ataque dos moradores em represália às agressões flagradas pelo cinegrafista amador e exibidas na televisão.
A rua onde os policiais espancaram suas vítimas é dominada pelo tráfico de drogas e apontada pelos próprios moradores como um ponto-de-venda de cocaína e maconha. Vários grupos de traficantes disputam o controle do tráfico.
A área é ocupada por dois conjuntos habitacionais -Margarida e Gabinal- que se transformaram em favelas verticais. São aproximadamente 36 prédios com 40 apartamentos de um quarto.
Os conjuntos são cercados por barracos ainda mais pobres. A Cidade de Deus tem renda mínima por habitante de dois salários mínimos, enquanto na área de Jacarepaguá a renda mínima é de 5,2 salários mínimos.
A Cidade de Deus foi construída na década de 60 pelo governador Carlos Lacerda e planejada como um grande conjunto habitacional com 6.658 domicílios. O objetivo era abrigar populações faveladas da zona sul do Rio.
Nas décadas de 80 e 90, a explosão populacional na zona oeste do Rio fez com que o bairro fosse tomado por favelas. Segundo a prefeitura, vivem hoje na favela cerca de 36 mil pessoas, mas as associações comunitárias avaliam que a população do bairro chega a 100 mil pessoas.
Cortada pelos rios Barra da Velha, da Estiva e Grande, a Cidade de Deus fica na Baixada de Jacarepaguá, sujeita a enchentes.
A Cidade de Deus foi tema de uma pesquisa realizada pela antropóloga Alba Zaluar em 1980. Os dados sobre o movimento comunitário, a violência e o tráfico de drogas no bairro deram origem ao livro "A Máquina e a Revolta", publicado pela Editora Brasiliense.
Extorsão
Policiais militares são acusados por moradores de Santa Cruz (zona oeste do Rio) de extorsão e roubo. Inquérito da delegacia do bairro apura o caso. Segundo o comando da PM local, os acusados negam.
Édna Maria Rodrigues, 53, diz que um cabo, identificado como Arquimedes, forjou flagrante de cocaína para seu genro, Marcelo Inácio de Souza, domingo.
Para liberá-lo, teria exigido R$ 500. O cabo estaria com mais dois PMs. Souza teria dado R$ 180 ao policial, e diz que foi liberado sob ameaças.
Na madrugada de segunda-feira, Edna diz que os três policiais teriam invadido sua casa e levado uma TV.
O delegado Eli Andrade, da 36ª Delegacia Policial (Santa Cruz), diz que o cabo terá de responder a inquérito e que vai tentar identificar os outros acusados.
No 27º BPM o comando informou que o cabo foi ouvido oficialmente e negou a história, não estando detido.

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