São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Wagner não deve estar mais tão "Tristão"

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Uma leitora me escreve preocupada. Moradora de Brasília, ela quer saber como aquele mundaréu de sem-terra, que ora marcha em direção à capital, irá voltar para casa.
A única coisa que posso dizer para confortá-la é que o filme "Mars Attacks", sobre a invasão de marcianos à Terra, tem final feliz.
Mas tenho certeza de que já está tudo organizadinho para garantir a passagem do ônibus da volta, não é mesmo, José Dirceu? E, caso falte dinheiro na caixinha, basta promover um leilão na praça dos Três Poderes e passar nos cobres as centenas de capas de chuva, camisetas e bonés com o logotipo do MST que foram utilizados na caminhada.
Mas, como os sem-terra não devem dar as caras em Brasília antes do dia 21, vamos tratar de questões mais imediatas.
A elas: o leitor mais atento deve lembrar que, dias atrás, esta coluna cunhou Wagner Ramos, ex-coordenador da dívida pública da Prefeitura de São Paulo, de homem sem estrela.
Primeiro, um diagnóstico realizado porcamente indicou que ele tinha lesões no fígado. O problema era nos rins e a imperícia médica custou-lhe a perda da visão do olho direito e um transplante de rim.
Depois, nossa valquíria ainda amargou uma separação, virou laranja da CPI dos Precatórios e acabou se tornando vedete do noticiário.
Pois quer saber? Eu estava redondamente enganada. Wagner Ramos e todos os outros implicados na CPI dos precatórios têm uma estrela do tamanho de um bonde.
Ou não será tirar a sorte grande o vídeo dos PMs de São Paulo -e agora também do Rio de Janeiro- ter vindo à tona justamente quando as investigações da CPI caminhavam para a óbvia conclusão de que o grosso do dinheiro desviado por quem tem as rédeas do poder público na mão é sempre destinado ao financiamento de campanha?
Não vimos esse filme antes em casos como o da Pau Brasil? Quando se toca na tecla dos financiamentos de campanha, até o impoluto PT se cala.
Em sua coluna de ontem, Clovis Rossi afirmou que, há dias, sua caixa postal eletrônica só faz receber cartas de leitores comentando o escândalo dos PMs. Infelizmente, esse também é o meu caso.
E de escândalo para esquecer escândalo a gente vai tocando o barco.

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