São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Amazônia é um desafio para o modelo de competição no setor

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O desinteresse dos consórcios internacionais em disputar a concessão para telefonia celular privada na região Norte, constatado anteontem, sinaliza que a Amazônia vai ser o grande desafio para o modelo das telecomunicações concebido pelo ministro Sérgio Motta.
A base do novo modelo é a competição. Ou seja, a existência de pelo menos duas empresas disputando o mesmo mercado para forçar a melhoria dos serviços e a redução dos preços. O mercado de celular na Amazônia é pequeno até para uma operadora e, por isso, nenhum grupo se interessou em pagar os R$ 200 milhões pela concessão. As telefônicas estatais da região já atenderam, praticamente, o mercado.
No Pará, existem 65 mil telefones celulares instalados, dos quais 60 mil estão na Grande Belém, onde vivem 1,7 milhão de habitantes. Os novos assinantes, segundo a estatal Telepará, são 45 dias depois de formalizar o pedido.
Os outros 5 mil celulares existentes no Pará estão espalhados por outras 20 cidades. Há telefone para entrega imediata no interior, mas a procura é inferior à oferta.
A situação no Amazonas não é muito diferente, segundo informa o presidente da Teleamazon, Manoel Montenegro Neto.
Até agora, a Teleamazon só implantou o serviço celular na capital, Manaus, onde existem 58 mil assinantes. Segundo Montenegro ainda há 18 mil inscritos, que serão atendidos nos próximos 60 dias.
Mesmo pequeno, o serviço celular respondeu por 67% do lucro operacional da Teleamazon no ano passado: R$ 36,4 milhões de um total de R$ 54,14 milhões.
No Maranhão, segundo o presidente da Telma (estata3 telefônica), Jorge Cateb, existem 45 mil telefones celulares em funcionamento. Parece um número pequeno, mas o mercado está plenamente atendido.
"Temos telefones para entrega imediata em todas as áreas onde o serviço está instalado", afirma.
No Amapá e em Roraima, o mercado é ainda mais limitado. Cada um dos dois Estados possui cerca de 7 mil celulares instalados, mas seus mercados estão praticamente abastecidos.
O presidente da Telaima, Roque José de Souza, diz que 92% da população de Roraima vivem na capital (Boa Vista) e, por isso, o serviço ainda não foi instalado no interior. Ele calcula que o mercado para celular em Roraima comporta, no máximo, mais 4.000 assinantes, incluindo o interior. "É preciso lembrar que grande parte do Estado é de reservas indígenas."
No Amapá, 80% de sua população vivem em Macapá e em Santana, que é contígua à capital.
A telefônica que atende o Estado, a Teleamapá, informa que possui uma fila de 3 mil inscritos para a compra de celular, mas que já contratou a compra de equipamentos para 11 mil novas linhas.

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