São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997 |
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Brasil, grandeza e cleptocracia
CLÓVIS ROSSI Munique - Visto da Europa, o Brasil são dois. Um é luminoso, o outro potencialmente assustador.O luminoso: Donald Johnston, o canadense que agora dirige a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), acredita que o Brasil será um dos "big five", países grandes que terão "grande crescimento até o ano 2020". Os outros quatro são China, Índia, Indonésia e Rússia. Johnson acha que a OCDE deve se reorientar na direção desses países, cujo crescimento superará de longe os 2% a 3% anuais que Johnson prevê para os atuais membros do clube, que são os 29 países supostamente mais industrializados do mundo. O lado sombrio figura na análise publicada ontem pelo jornal "The International Herald Tribune", de autoria de Thomas L. Friedman, talvez o melhor colunista norte-americano, dos quadros de "The New York Times". Friedman parte do pressuposto de que todos os países do mundo dispõem hoje do mesmo "hardware", ou seja, "adotaram o livre mercado, em um grau ou outro". Mas nem todos contam com o "software" correspondente (instituições de bom governo, na forma de organismos regulatórios, imprensa vigilante, cortes não-corrompidas, serviço público, parlamentos e polícia eficazes). Os países que contarem com o "software" correto se tornarão "democracias de livre mercado". Os outros serão "cleptocracias de livre mercado". Aí é que o Brasil entra, de novo na companhia de três dos "big five" mencionados pelo secretário-geral da OCDE (Rússia, Índia e China). Escreve Friedman: "México, Rússia, Índia, Colômbia, Brasil e China têm todos o hardware correto, mas ainda carecem do software. Dada sua endêmica corrupção, não está claro se se tornarão democracias ou cleptocracias". À luz dos precatórios e do caso Diadema, para não alongar a lista, difícil deixar de concordar com Friedman. Texto Anterior: CHOQUE NAS POLÍCIAS Próximo Texto: Outra pausa na CPI Índice |
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