São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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CHOQUE NAS POLÍCIAS

Para desmentir aqueles poucos que consideravam o hediondo episódio de Diadema um caso isolado ou mesmo um fenômeno de nenhuma forma generalizado entre os policiais, as imagens gravadas de novas cenas de violência, desta vez perpetradas pela PM carioca, revelam de forma cabal que o modo de atuar da polícia brasileira está a anos-luz dos patamares mínimos de civilidade.
Se num lapso de uma semana vieram a público duas gravações como essas, não é difícil imaginar quantos casos semelhantes ocorrem em todo o território nacional, mas deixam de ser devidamente registrados.
O problema da violência policial não é novo e tampouco desconhecido da grande maioria da população, mas o fato de as imagens veiculadas terem alcançado a magnitude que atingiram cria o momento propício para o debate sobre o papel e os métodos da polícia numa sociedade que se pretende civilizada.
O oportuno debate, porém, parece ainda longe de traduzir-se em ações imediatas por parte dos poderes Executivos para resgatar a dignidade das corporações que certamente não são formadas só por facínoras fardados.
O governador Mário Covas, por exemplo, está deixando passar a oportunidade de alterar o comando do policiamento, que tem dado mostras de que não controla a tropa e, em certos casos, talvez seja conivente com esse tipo de comportamento que se deseja ver varrido.
O caso carioca é ainda mais gritante. As chamadas gratificações por atos de bravura multiplicaram por seis o número de mortos por PMs.
A rápida reação do Congresso no trâmite e aprovação de leis que ajudam a coibir os abusos é certamente útil; mas será inócua se não acompanhada de uma ação de choque por parte dos governadores.

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