São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997 |
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Só em 2 bairros, cortiços passam de 600, diz grupo
MARCELO OLIVEIRA
Entretanto, segundo Luiz Gonzaga Bezerra, da Associação dos Trabalhadores Sem-Terra da Zona Oeste (filiada à UMM), que congrega 23 entidades que lutam por moradia na região, apenas nos bairros de Barra Funda e Campos Elíseos o Fórum e a UMM listaram 600 cortiços. Segundo o advogado José Laurindo de Oliveira, da Associação em Defesa da Moradia, a cidade de São Paulo não consegue perceber o crescimento dos cortiços. "A cada dia são despejadas três, quatro famílias, e a cidade não se dá conta do pessoal que vai para debaixo da ponte." "Na Bela Vista, por exemplo, um bairro antes valorizado, que tem prédios históricos, você anda pelas ruas e só vê placas: 'Alugam-se vagas para rapazes'. Isso tudo é cortiço", diz Verônica. Segundo Bezerra, estão em andamento 154 mutirões de moradia no Estado, coordenadas por cerca de cem entidades de moradia reconhecidas, parte filiadas à UMM, parte filiadas à Central de Movimentos Populares (CMP). "Outras ainda têm vida independente e algumas são vinculadas às Pastorais de Moradia." Bezerra classifica os movimentos de moradia em três tipos -mutirões, com mão-de-obra dos futuros moradores e dinheiro proveniente de convênios oficiais; cooperativas habitacionais (autogestão), nas quais os associados compram a terra, o material e administra a construção, e os "apagadores de incêndio", em que se inclui o Fórum, "que socorre e organiza os moradores de cortiços". A associação de Bezerra, por meio de autogestão e mutirão, está tocando a construção de 3.000 casas em cinco bairros da zona oeste, na região de Pirituba. Segundo Bezerra, a região vive expansão imobiliária. "Pirituba, Perus e Jaraguá foram os bairros que mais cresceram em 96." Os sem-terra (urbana) da zona oeste dividem-se em grupos grandes, com mínimo de 64 famílias e máximo de 256. Heliópolis São Paulo tem pelo menos uma outra ocupação de grande porte. Moradores da favela Heliópolis (zona sul), ligados à União de Núcleos Associação e Sociedade dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco, acamparam em um terreno ao lado da favela. Os moradores, que estão há 20 dias no local, instalados em precárias barracas, querem a construção de casas para cerca de 350 famílias que moram em áreas de risco às margens do Rio Sacomã. Eles dizem que só vão deixar o terreno se a prefeitura, dona do lote, oferecer uma proposta concreta de solução para o problema. (MO) Texto Anterior: Grupo tentará comprar casas Próximo Texto: Casarão produz as próprias leis Índice |
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